Morreu Mario Vargas Llosa. O mundo pode nunca vir a saber o que aconteceu entre o peruano e García Marquez

Meiline Silva
Meiline Silva

O mundo despediu-se este domingo de Mario Vargas Llosa, uma das figuras mais influentes da literatura latino-americana. Morreu aos 89 anos em Lima, no Peru, mas deixa uma carreira literária marcada por obras como “A Cidade e os Cães”, “A Casa Verde”, “Conversa n’A Catedral” e “A festa do Bode”. Em 2010, o escritor recebeu o Prémio Nobel da Literatura. 

As letras não eram a única paixão de Vargas Llosa, e também a política marcou a vida do peruano. Inicialmente simpatizante do comunismo e das ideologias de Fidel Castro, foi depois à direita que assumiu uma candidatura à presidência do Peru. Defensor do liberalismo, tornou-se um crítico persistente dos regimes autoritários e fundou o Movimento pela Liberdade. Era o favorito, quando se candidatou à presidência em 1990, mas acabou por perder para Alberto Fujimori. 

A amizade com Gabriel García Márquez

O escritor colombiano Gabriel García Márquez foi um grande amigo de Vargas Llosa. O peruano chegou mesmo a escrever uma tese sobre a obra de García Márquez, com a qual obteve um doutorado na Universidade Complutense de Madrid. No entanto, a amizade não durou a vida toda e culminou com o infame soco que abalou a literatura em 1976. Os motivos são desconhecidos até ao dia de hoje, e é provável que nunca se conheça as divergências que conduziram esta amizade ao fim.

O contacto entre os dois escritores começou através de cartas. Encontraram-se pela primeira vez em Lima, na altura em que García Márquez fazia sucesso no país com o seu livro “Cem Anos de Solidão”. Na altura, Vargas Llosa já era um autor com bastante relevância e rapidamente se tornaram amigos.

Além do compromisso com a literatura, inicialmente partilhavam também ideologias políticas muito similares - posicionavam-se à esquerda e admiravam a Revolução Cubana. 

As teorias do fim

Ninguém sabe ao certo o que levou Vargas Llosa a dar um soco a García Márquez quando este o tentou cumprimentar. Mas há várias teorias. 

Uma das teorias mais famosas remete a um tema que ambos os escritores conhecem bem - o amor. Há quem diga que García Márquez se aproximou da mulher de Vargas Llosa, Patrícia, durante uma separação temporária com o marido. A teoria diz que Vargas Llosa considerou este apoio por parte do amigo uma traição e invasão de privacidade.

Há também quem acredite que as diferenças ideológicas foram o grande motivo desta separação amigável. Nos anos 70, quando Vargas Llosa começou a afastar-se das ideias de esquerda, García Márquez era ainda um grande apoiante de Fidel Castro. 

Outros apontam uma certa “inveja” por García Márquez ter recebido o Prémio Nobel da Literatura 28 anos antes de Vargas Llosa como o motivo da discussão. Quando García Márquez recebeu o prémio em 1982, Vargas Llosa já tinha uma carreira sólida há anos, e muitos achavam que ele também merecia. 

No entanto, nem tudo bate certo nesta teoria. Além de Vargas Llosa ter sempre reconhecido a grandeza literária do ex-amigo, mesmo depois do desentendimento, o mítico soco aconteceu seis anos antes de García Márquez receber o Nobel. 

Nunca nenhum dos dois quis explicar publicamente o que se passou. Quando questionados sobre o assunto, Vargas Llosa dizia para perguntarem a García Márquez e vice-versa.

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