De acordo com as informações recolhidas pelo Projeto Bloomer, uma plataforma de análise ao Airbnb, foi a capital portuguesa a cidade que mais sofreu com a quebra do setor do turismo e hospitalidade provocada pela pandemia da Covid-19 em Portugal.
De acordo com os dados recolhidos pela plataforma, que se referem ao período entre 10 e 22 de março, os alojamentos em Airbnb em Lisboa tiveram 150 mil noites canceladas, o que se saldou numa perda de 7.4 milhões de euros em receitas.
Segundo o relatório, o cálculo das reservas é feito pela “diferença entre as noites reservadas e canceladas, olhando sempre para as estadias nos seis meses seguintes a partir de cada data”.
Tendo isto em conta, é possível ver no gráfico apresentado pelo Projeto Bloomer que os cancelamentos cresceram a partir de dia 10 de março e superaram as reservas, já que “os hóspedes anteviram a implementação das medidas de isolamento”.
Como tal, foram canceladas um total de 150 mil noites entre 10 e 22 de março para os seis meses em análise, o que "equivale a 28% de todas as noites previamente reservadas no período considerado”. O impacto negativo destes cancelamentos, inclusive, anulou as receitas asseguradas entre 14 de fevereiro e 9 de março.
No que toca ao Porto, os anfitriões de Airbnb acumulam perdas três milhões de euros no saldo entre novas reservas e cancelamentos. No entanto, houve dias menos maus, 18 e 20 de março, onde “houve um muito ligeiro saldo positivo de 75 mil e 13 mil euros, respetivamente.”
Para a cidade nortenha, o total de noites canceladas entre 10 e 22 de março foi de 90.300, "o que equivale a 25% de todas as noites previamente reservadas no período considerado”.
Interessante é verificar que, para ambas as cidades, a grande maioria dos cancelamentos ocorreram para as estadias agendadas entre o final de março e a Páscoa, sendo porém, esse impacto “muito mais reduzido nas marcações para o verão”. Para os próximos três meses, as quebras sentir-se-ão em 39% em Lisboa e em 37% no Porto.
Outro resultado desta pandemia é que o preço mediano dos apartamentos para abril também caiu nas duas cidades, 12% para Lisboa e 8% para o Porto.
Para Lisboa, o relatório considerou 9.156 apartamentos e 1.988 quartos privados para aluguer, sendo que para o Porto foram considerados 4.992 apartamentos e 748 quartos. No documento, é referido que “apenas propriedades listadas e com pelo menos uma Review nos últimos 6 meses foram consideradas”.
Nos dados referentes a Lisboa, a maior quebra sentida foi nos apartamentos T0 em Campo de Ourique, com menos 74% de ocupação, seguindo-se os apartamentos da mesma tipologia na Ajuda e em Alvalade. No seu todo, a maioria das freguesias regista quedas "na ordem de 40% a 50%" na generalidade das suas tipologias.
Em sentido oposto, o relatório nota como os alugueres de apartamentos T4 na Ajuda, em Alcântara no Parque das Nações e em Belém (assim como T0 no Areeiro) foram os únicos casos onde não houve alterações.
Já os apartamentos T0 e T3 em Belém foram únicos casos onde houve subidas de ocupação — 39% e 12%, respetivamente —, sugerindo os autores do relatório como possível explicação as "marcações para auto-isolamento, dada a presença na freguesia do Hospital São Francisco De Xavier".
No que concerne o Porto, a maior quebra deu-se nos apartamentos T4 na Campanhã, onde todas as reservas foram canceladas. Na mesma freguesia, houve uma redução de 79% nos apartamento T0, seguindo-se o alojamento da mesma tipologia em Lordelo do Ouro e Massarelos, com menos 53%. Na Invicta, a maioria das freguesias tem reduções entre os 30% e 40%".
Os únicos exemplos que escaparam à queda foram os apartamentos T0 (0%)em Paranhos e T1 (0%) e T2 (-1%) em Ramalde.
Apesar das fortes quebras, a Airbnb já anunciou que vai compensar os antitriões dos alojamentos, destinando 250 milhões de dólares (aprox. 231 milhões de euros) para ajudar os anfitriões que sofreram perdas financeiras pelos reembolsos pagos aos hóspedes que cancelaram as suas estadias.
Este apoio vai se materizalizar através do pagamento aos antifriões de 25% mais do que normalmente receberiam com reservas concretizadas para o período compreendido entre 14 de março e 31 de maio, canceladas devido à Covid-19.
Em ambos os relatórios, o Projeto Bloomer deixa sugestões aos anfitriões, aconselhando-os a reduzir os preços, a “flexibilizar as estadias mínimas e máximas, aceitando períodos inferiores a 7 noites e superiores a 14 noites, para permitir reservas relativas a auto-isolamento”, e, no caso de apenas se aceitar “marcações para os próximos 3 meses”, passar a “desbloquear as datas até um período de 6 meses”.
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