Portugal continental e insular. De norte a sul. Da cultura à política. Do anonimato aos ilustres. Do começo às despedidas. Em 2019 contámos várias histórias.
Histórias que vivem das pessoas e dos locais. São reportagens, crónicas e entrevistas. São notícias sem ser de última hora. Vivem do tempo e ao ritmo de quem as contou e de quem as escreveu. Com as cores de quem lhes deu uma forma e um rosto.
Recordemos 24 delas, com 24 fotografias a acompanhar.
De Lisboa a Pequim, há uma Alameda de distância. E aí se fez a festa
Reportagem de António M. Santos com fotografia de Rita Sousa Vieira (VER)
A celebração do Ano Novo Chinês é uma tradição de casa, mas nos últimos anos tem vindo a transbordar para as ruas de Lisboa, juntando chineses e portugueses num evento que procura a compreensão mútua. De artistas da outra ponta do globo a membros de uma comunidade que há várias décadas chamam esta cidade de casa, a festa fez-se na Alameda D. Afonso Henriques e no Teatro Nacional São Carlos, num misto de música, dança, teatro e gastronomia.
Wolfgang e Maria: Quando o “declaro-vos marido e mulher” é dito por quem menos se espera
Texto de Margarida Alpuim com fotografia de Pedro Marques Santos (VER)
Na vida de Wolfgang e Maria não há tédio. Seja pela alegria dele - diz ela -, seja pela constante descoberta - diz ele. São 48 anos de uma relação que tem tanto de simples - é o cheiro dela que ainda hoje faz o coração dele bater mais rápido - como de único - um casal, dois casamentos, um padre inesperado.
Filipe Homem Fonseca: "A maior parte das pessoas que eu ouço dizer que Lisboa está linda e incrível são as que não moram cá"
Entrevista de António M. Santos com fotografia de Paulo Rascão (VER)
Uma comunidade em estado de sítio, onde os seus habitantes resistem como podem às adversidades em isolamento. Podia ser uma história bélica, mas em “A Imortal da Graça” a guerra é outra: a dos habitantes do bairro histórico de Lisboa pelo direito a manter as suas casas. Foi com este confronto em pano de fundo que Filipe Homem Fonseca lançou o seu terceiro romance, pretexto para uma conversa.
Para além do riso, o Lugar Estranho de Diogo Faro
Texto de Tomás Albino Gomes com fotografia de Pedro Marques Santos e vídeo de Paulo Rascão e Rodrigo Mendes (VER)
"Para Além do Riso" é um mini documentário que acompanha a estreia de um solo de stand-up. Não é sobre o humor propriamente dito, não se fala de punchlines, one liners ou storytelling, mas sim do que está para lá, os pressupostos e os efeitos que o humor pode ter. É uma ética sobre o fazer rir de alguém. Bem-vindos ao Lugar Estranho de Diogo Faro.
Era uma vez uma Casa onde Acreditar era somar o hoje a infinitos mais um
Reportagem de Margarida Alpuim com fotografia de Paulo Rascão e Pedro Marques Santos (VER)
Este não é um trabalho sobre o cancro infantil, sobre o sofrimento das crianças, dos jovens e das suas famílias ou sobre questões médicas ou institucionais.
Esta é uma história contada a partir de personagens que têm tanto de imaginário como de real — um bebé-recorde, um balão sem horas, um BMW amarelo, almofadas que dão festas, sementes que fazem “puff” e um livro que nunca dorme.
São seis capítulos sobre um lugar onde todos os dias se multiplicam ligações e memórias de vida em vez de abismos ou solidão, e se soma a necessidade de viver o hoje em pleno à esperança de perder a conta aos anos de vida.
¡Tra-tra! Rosalíamente
Texto de Paulo André Cecílio com fotografia de Rita Sousa Vieira (VER)
A galáxia pop é por vezes estrada para verdadeiros cometas, que vindos não se sabe de onde povoam os céus com o seu brilho incandescente, deixando um rasto de magia à sua passagem. Os exemplos são imensos e o mais recente é Rosalía, nascida na Catalunha há 25 anos, que com “El Mal Querer”, álbum de 2018, se transformou num nome fundamental dentro das mais recentes tendências musicais. Há coisas inescapáveis, e o seu nome é uma delas.
Não pode ser na Terra se já vai a caminho do céu
Reportagem de Tomás Albino Gomes e Pedro Soares Botelho com fotografia de Paulo Rascão e Pedro Marques Santos (VER)
Estala um foguete. Há festa no Corvo. Uns punhados de povo juntam-se para montar as cerimónias e celebrar o Espírito Santo. Fazem-no duas vezes ao ano: uma para quem cá vive, outra para quem cá volta.
É dia 7 de junho, são seis da tarde. Não há hora de ponta, são três os carros estacionados junto à Câmara Municipal, e acaba de chegar mais um. A maioria das pessoas chega a pé ou de bicicleta. Os miúdos jogam à bola no largo, os adolescentes fazem do parque infantil sala e ficam na conversa. À frente da cozinha comunitária, juntam-se homens e mulheres. O inverno da manhã e a primavera da tarde não são tema de conversa, as pessoas estão mais do que habituadas à mudança de humor das nuvens. Fala-se do dia, mas fala-se pouco. Espera-se. O Amândio e o senhor José Maria montam cá fora uma mesa de tábuas e afiam a faca, espetam-na na mesa como quem diz, ‘deste lado está tudo pronto’.
Agustina. Não vale a pena dizer adeus a quem não se vai embora
Reportagem e fotografia de Pedro Soares Botelho (VER)
As cerimónias fúnebres de Agustina Bessa-Luís levaram ao Porto governantes, literatos, fãs. Na Sé da Invicta, a nação fez a homenagem à devota escritora que pôs no papel, com a letra miúda que lhe era conhecida, o psicológico das gentes que fazem este país — e este mundo.
De São José ao São João, a "décima ilha" veio a Angra mostrar a sua gratidão
Reportagem de António M. Santos com fotografia de Rita Sousa Vieira (VER)
Todos os anos a organização das Sanjoaninas convida uma filarmónica da diáspora, a “décima ilha”, para acompanhar pelas ruas de Angra do Heroísmo a marcha oficial da festa. Nesta edição, coube à Sociedade Filarmónica Nova Aliança, vinda de São José, na Califórnia, essa honra. Dos 47 músicos que a integram, 28 não têm laços familiares com os Açores, mas a nacionalidade pouco importa quando trazem consigo a alegria de viver terceirense. Se uns mataram saudades da suas raízes, outros aproveitaram para viver a ilha que só conheciam através de tradições.
O regresso da Pantera Negra
Texto de Paulo André Cecílio com fotografia de Rita Sousa Vieira (VER)
O reino fictício da Marvel poderia muito bem ser o seu; aos 71 anos de idade, Grace Jones movimenta-se ainda como uma verdadeira Pantera Negra, assanhada e extremamente sexual. Vimo-la abrir as pernas em movimentos lascivos por diversas ocasiões, vimo-la ceder às tentações de uma stripper, vimo-la baixar o seu top para mostrar os seios desnudos aos que tiveram o discernimento de não perder, no Palco Sagres, uma das poucas artistas à qual se pode dar o estatuto de lenda viva.
Billie Eilish: Ela não é um sonho, é a personificação de um pesadelo
Texto de Paulo André Cecílio com fotografia de Rita Sousa Vieira (VER)
No auge da Beatlemania, os concertos dos Fab Four tinham todos eles algo em comum: hordas de raparigas adolescentes a ocupar as salas por onde eles passavam, num frémito quase religioso, entregando o corpo ao solavanco e o rosto às lágrimas, e berrando a plenos pulmões, de tal forma que muitos dos relatos dessa altura mencionam o facto de praticamente não se conseguir escutar a música – e essas receções fervorosas pesaram, mais tarde, na decisão dos Beatles de não voltarem a dar concertos. Mais de meio século depois, eis-nos de novo entregues a uma nova mania, igual a tantas outras de tons pop, com a particularidade de a sua causa ser tão adolescente quanto as suas fãs: Billie Eilish.
Monte Branco. Uma corrida a mais de dois mil metros de altitude num “jogo da macaca” fronteiriço
Reportagem de Miguel Morgado com fotografia de Pedro Marques Santos (VER)
O Ultra Trail do Monte Branco é uma corrida e caminhada de 170 km por três países: França, Itália e Suíça. É, também, o maior projetor do território alpino em que as fronteiras estatais estão a mais de 2 mil metros de altitude, mas que a convivência diária esbate divisões. Por entre glaciares, locais de peregrinação, refúgios de alpinistas, terra de queijos e pátria do cão São Bernardo, o SAPO24 andou pelos Alpes dia e noite, sem parar, e subiu e desceu uma montanha.
Um dia na política da ilha dividida
Crónica de Tomás Albino Gomes com fotografia de Paulo Rascão (VER)
A política está em todo o lado e em lado nenhum. O Funchal está repleto de logótipos e slogans, mas não se ouvem gritos. Distribuem-se folhetos e canetas com pouco aparato. Ouvem-se as mensagens e músicas gravadas dos quadros e algumas buzinadelas da cor da bandeira que uma qualquer pessoa transporta rua acima.
Desperdício alimentar. Um problema que não pode ser escondido na despensa
Reportagem de António M. Santos com fotografia de Paulo Rascão (VER)
Fazer dos restos refeições e da culinária uma forma “redentora” de combater o desperdício alimentar. Na Casa do Presidente, em Lisboa, instalou-se um “Restaurante sem Comida” onde os convidados foram desafiados a trazer ingredientes de casa que, mais tarde ou mais cedo, se iam estragar. Sob as lides do chef Kiko Martins, alimentos que iriam para o lixo resultaram em iguarias, numa ação levada a cabo para alertar para um problema que também passa pela despensa e pelo frigorífico de cada um de nós.
A arte que não é futuro para ninguém — senão para os que ainda a fazem em Espinho
Reportagem e fotografia de Pedro Soares Botelho (VER)
Anda a terminar mais uma temporada da arte. Arte Xávega, chamou-lhe um decreto, essa arte de pescar o peixe indo os homens da praia para o mar, galgando as ondas para deixar as redes. Esta é a história de um pescador que pesca, de um peixe que foi pescado, de uma peixeira que vende e de um patrão que faz contas.
Sam the Kid: Esta poesia não é só fachada
Texto de Paulo André Cecílio com fotografia de Pedro Marques Santos (VER)
O Coliseu dos Recreios encheu para celebrar a carreira de Samuel Mira, ou Sam the Kid, num concerto que serviu para reviver velhas memórias sem que tudo tivesse resultado num mero exercício de nostalgia. Nem estas rimas permitiriam tal coisa. 'Tá-se bem!
Cervejaria Galiza. A história dos homens que trabalham para continuar a trabalhar
Reportagem e fotografia de Pedro Soares Botelho (VER)
Um desfalque, um abandono, uma greve, um encerramento e uma revolta. A Cervejaria Galiza, no Porto, atravessa tempos conturbados: depois de a proprietária tentar encerrar o espaço pela calada da noite, os trabalhadores uniram-se para manter a casa aberta. Das tertúlias aos consultores; dos investidores às contas por pagar, esta é a história da Galiza.
José Correia Guedes: "Há pessoas que depois de vencerem o medo de andar de avião passam para o extremo oposto e tornam-se viajantes compulsivos"
Entrevista de Isabel Tavares com fotografia de Paulo Rascão (VER)
Foi o único piloto da TAP sequestrado até hoje. E se a história do desvio do avião é digna de telenovela, então espere por conhecer outras, de uma carreira de quase 40 anos ao serviço da transportadora aérea nacional. Isso e o grito de alerta para tirar o principal aeroporto do país do centro da cidade de Lisboa.
Tudo vai bem na nova vida do escultor do busto de Cristiano Ronaldo. Tudo, menos conseguir que a ANA lhe devolva a escultura que decidiu substituir
Reportagem de Tomás Albino Gomes com fotografia de Paulo Rascão (VER)
Em dois anos, Emanuel Santos passou de escultor gozado a amado, de funcionário do aeroporto do Funchal a presidente da Junta de Freguesia do Caniçal, na Madeira. Agora faltam-lhe duas coisas: recuperar o primeiro busto que fez de Cristiano Ronaldo e realizar mais trabalhos para “voltar a mostrar o ar da sua graça”.
Operários da Bordallo cabem no rosto de uma mulher. Ou como um prato de 61 cm conta a história de 135 anos de uma fábrica
Reportagem de Miguel Morgado com fotografia de Rita Sousa Vieira (VER)
Cães e gatos assanhados, rãs, lagostas e sardinhas, couves, terrinas, fruteiras, pratos e jarros. A arte cerâmica e obra da fauna e flora do mestre Rafael Bordallo Pinheiro continua viva ao fim de 135 anos. Um legado histórico, numa história de falências e renascimento relembrado por Alexandre Farto, Vhils e contado, durante uma visita à loja, museu e fábrica, pela diretora artística.
Violência doméstica. "O silêncio da vítima é a arma do criminoso"
Reportagem de Inês F. Alves com fotografia de Rita Sousa Vieira e vídeo de Paulo Rascão e Rodrigo Mendes (VER)
Francisca e Ângela deram a cara. A chamada é para romper com o silêncio em que vivem e tantas vezes (demais, uma só já seria demais) morrem as vítimas de violência doméstica. A MEO, marca da Altice Portugal, deu corpo à iniciativa, as vuvuzelas e buzinadelas deram-lhe som, e os rostos deram-lhe humanidade.
Hogwarts mudou-se para Lisboa. E esta exposição pode enfeitiçar até quem não é fã de Harry Potter
Texto de Carolina Muralha com fotografia de Rita Sousa Vieira (VER)
Depois de 19 anos de espera, a carta finalmente chegou e o portal para entrar no mundo da magia de Harry Potter fica debaixo do Pavilhão de Portugal, em Lisboa. Alohomora, que é como quem diz em linguagem de feiticeiro, abram-se as portas.
Vítor Feytor Pinto: "A morte é apenas uma porta: do lado de cá é o limite da natureza, do lado de lá é a ternura de Deus"
Entrevista de Isabel Tavares com fotografia de Rodrigo Mendes (VER)
Conheceu sete papas e privou com alguns deles. Estava ao lado de João Paulo II quando, em maio de 1982, o padre espanhol Juan Krohn o tentou esfaquear em Fátima, a meio da esplanada, quando caminhava na procissão. "Vi o homem a pegar na faca", recorda. "Não houve tempo para mais nada, a intervenção dos guardas foi fulminante".
Hoje, aos 87 anos, Vítor Feytor Pinto não se arrepende de nada. Certa vez, o bispo de Nampula deixou-lhe esta mensagem: "Nunca queiras nada, estás nas mãos de Deus". E é assim que tem regido a sua vida.
Nem todas as histórias começam com "Era uma vez", mas todas terminam em vitória. A nuvem de palavras que conforta miúdos e graúdos na ala pediátrica
Texto de Miguel Morgado com fotografia de Paulo Rascão (VER)
A associação “Nuvem Vitória” conta, desde 2016, durante a noite, histórias a crianças internadas nos hospitais. Leituras que sossegam e confortam miúdos e graúdos. Espalhados por oito instituições de saúde, os quase 600 voluntários já leram mais de 46 mil histórias. O SAPO24 acompanhou quatro voluntárias na ala pediátrica de Cascais, que mais parece um jardim-de-infância, e ficou a saber que nem sempre as histórias começam com “Era uma vez”, mas todas terminam da mesma forma.
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