O atentado no centro de Oklahoma City aconteceu na manhã de 19 de abril de 1995, perpetrado por Timothy McVeigh, um ex-soldado do exército dos EUA.

No total, 68 pessoas morreram, incluindo 19 crianças, e foram contabilizados mais de 680 feridos. O custo material foi estimado em cerca de 652 milhões de dólares, nos valores da época — tendo em conta a inflação, o custo ultrapassaria hoje os mil milhões de dólares.

Este foi o maior atentado de terrorismo doméstico na história dos Estados Unidos, uma vez que, ao contrário do ataque às Torres Gémeas, a 11 de setembro de 2001, o massacre de Oklahoma foi cometido por um americano.

Como tudo aconteceu?

Pouco antes das 9h00 da manhã, Timothy McVeigh estacionou um camião alugado da transportadora Ryder em frente à entrada do Edifício Federal Alfred P. Murrah. No interior do camião estava uma bomba feita com uma mistura explosiva à base de fertilizante agrícola, combustível diesel e outros químicos. Em seguida, o autor saiu do veículo e foi até ao carro de fuga. Às 9h02, a bomba explodiu.

Apenas alguns minutos depois, um terço do edifício estava completamente destruído. Dezenas de carros ficaram queimados e mais de 300 edifícios nas proximidades ficaram danificados ou destruídos.

Edifício Federal Alfred P. Murrah
Edifício Federal Alfred P. Murrah O lado norte do Edifício Federal Alfred P. Murrah em Oklahoma City depois da explosão que matou 168 pessoas e fez centenas de feridos. (The Associated Press) créditos: The Associated Press

Como é que o FBI chegou ao suspeito?

No dia seguinte, o eixo traseiro do camião foi encontrado a quase 200 metros do local da explosão. O eixo tinha um número de série gravado, que levou os inspetores à loja onde o veículo tinha sido alugado, em Junction City, no Kansas.

Apesar de ter usado o nome falso de Robert D. Kling, os funcionários da loja conseguiram descrever o homem. Isto permitiu que o artista forense fizesse um retrato falado, que foi depois mostrado pela cidade. Os trabalhadores do hotel, onde o autor do crime tinha ficado, entregaram, então, um nome ao FBI: Timothy McVeigh.

Os agentes do FBI tiveram uma surpresa quando ligaram para o escritório e descobriram que Tim McVeigh já se encontrava detido. No dia 19 de abril, uma hora e meia depois do atentado, McVeigh foi mandado parar, a cerca de 130 quilómetros de Oklahoma City, por conduzir um carro sem matrícula. Em seguida, a polícia encontrou uma arma ilegal dentro do carro e procedeu à detenção do suspeito.

Logo em seguida, começaram a surgir várias provas. Os agentes encontraram, na roupa de McVeigh, vestígios dos químicos utilizados na explosão, e ainda, um cartão de visita rabiscado com "Dinamite a cinco dólares por palito, preciso de mais". O FBI descobriu também que um amigo de McVeigh, Terry Nichols, tinha ajudado a construir a bomba. Michael Fortier, também ex-militar, sabia igualmente do plano.

Timothy McVeigh
Timothy McVeigh O autor do atentado escoltado no exterior do tribunal do condado de Noble, em Perry, Oklahoma, para ser transferido para a Base Aérea de Tinker, onde iria ser ouvido, 21 Abril de 1995. (News9 Oklahoma City) créditos: News9 Oklahoma City

Quais foram os motivos de McVeigh?

Os motivos de Timothy McVeigh eram maioritariamente, senão inteiramente, políticos. O ex-militar era fortemente influenciado por ideologias de extrema-direita e desconfiava profundamente do governo federal americano, que via como tirano e opressor.

Episódios como o Cerco de Waco, em 1993, contribuíram para alimentar a crença que tinha de que o governo violava os direitos dos cidadãos e usava forçava excessiva contra os americanos. O dia escolhido para o massacre não foi uma coincidência, uma vez que 19 de abril marcava o segundo aniversário do fim do cerco.

O que foi o Cerco de Waco?

O caso teve início no dia 28 de fevereiro de 1993, quando o FBI iniciou uma missão que estava a ser planeada há meses. Tratava-se de uma investigação ao grupo religioso Ramo Davidiano da Igreja Adventista do Sétimo Dia por suspeita de compra, venda e modificação de armas ilegais. O líder da congregação era David Koresh, que se identificava como um "profeta apocalíptico". Koresh tinha várias esposas, e algumas delas, menores de idade. A sede do grupo, o Mount Carmel Center, ficava perto de Waco, no Texas, e para aqueles que lá moravam, este seria o novo reino divino quando chegasse o Apocalipse.

Na manhã do dia 28 de fevereiro, 76 agentes do FBI dirigiram-se ao rancho com mandados de busca e detenção. No entanto, os davidianos sabiam do plano e ficaram à espera das forças de segurança, prontos para se defenderem. Assim, iniciou-se um tiroteio que durou cerca de uma hora e meia e provocou a morte de quatro agentes e dois davidianos.

Um cessar-fogo foi acordado ainda na mesma manhã, mas o FBI iniciou um cerco que reuniu cerca de 899 operacionais, de vários ramos militares. O cerco durou 51 dias e as negociações, que em determinadas alturas parecia que iam resultar, acabaram por falhar.

Com o argumento de que havia menores em perigo dentro do centro, que já tinham sofrido diversos abusos, o FBI decidiu dar o próximo passo no dia 19 de abril. Através de uma chamada, informaram os davidianos que iriam lançar gás lacrimogéneo para dentro do edifício. O aviso foi retribuído com tiros aos veículos do FBI. Os agentes procederam ao lançamento de gás durante seis horas e ninguém saiu do centro, até que um incêndio começou, quase ao mesmo tempo, em três pontos diferentes do edifício.

Em poucos minutos, o Mount Carmel ficou reduzido a cinzas. Os bombeiros não chegaram a tempo de apagar o incêndio, cuja origem é desconhecida, e ninguém foi retirado com vida. 76 pessoas morreram, incluindo mulheres e crianças.

O Cerco de Waco foi um dos eventos mais controversos da história dos Estados Unidos, e criou grandes debates sobre o abuso de poder governamental, a liberdade religiosa e o uso da força letal.

Como foram condenados os envolvidos?

Dois dias depois do atentado, McVeigh ficou sob custódia federal e foi então que Terry Nichols, que tinha ajudado a fazer a bomba com mais de 2 mil quilos de explosivos caseiros, se entregou às autoridades. Foram ambos indiciados em agosto de 1995 e a procuradora-geral dos Estados Unidos, Janet Reno, anunciou que o governo iria pedir a pena de morte para os dois homens.

O julgamento de Timothy McVeigh começou em abril de 1997 e Michael Fortier testemunhou contra o ex-colega, em troca de um acordo de confissão com o governo. Ao cooperar com as autoridades, Fortier evitou uma acusação mais grave e foi condenado a 12 anos de prisão, com uma multa de 200 mil dólares por não ter alertado as forças de segurança sobre o atentado. No entanto, foi libertado mais cedo por bom comportamento. O testemunho do ex-militar, que sabia do plano, foi crucial para a condenação de McVeigh e Nichols.

A sentença de McVeigh foi anunciada a 13 de junho de 1997, tendo sido condenado à pena de morte. A sua execução aconteceu a 11 de junho de 2001, e tornou-se, assim, o primeiro recluso federal a ser executado desde 1963. O governo tinha paralisado as execuções desde 1963, devido a mudanças legais.

Terry Nichols foi declarado culpado por conspiração e homicídio involuntário. Nichols foi condenado a prisão perpétua e encontra-se atualmente numa prisão federal de segurança supermáxima, no Colorado.

Stephen Jones
Stephen Jones O advogado de defesa, Stephen Jones, segura um jornal no exterior do Tribunal dos Estados Unidos em Denver, Colorado, no dia 13 de junho de 1997, depois do jurí ter aplicado a pena de morte a Timothy McVeigh. (Susan Sterner/The Associated Press) créditos: Susan Sterner/The Associated Press

"Atentado de Oklahoma City: Um dia na América"

Para assinalar os 30 anos do atentado, a National Geographic estreia, no dia 7 de abril, uma nova série documental que oferece uma visão detalhada dos momentos de terror e resistência de quem habitava esta cidade.

Com uma investigação que contou com mais de 28 mil entrevistas, três toneladas e meia de provas, e o exame de quase mil milhões de peças de informação, o caso que parou a América regressa agora aos ecrãs para que todos o relembrem.

Os três episódios serão exibidos numa maratona, que terá início às 22h10. A autoria é da National Geographic e da 72 Films, vencedora de um Emmy pela série documental "World War II: From the Frontlines".

Com imagens de arquivo e depoimentos de testemunhas, com detalhes nunca antes revelados, o canal promete uma produção que "explora os momentos de coragem, dor e superação que seguiram o ataque que mudou a América para sempre”.

*Artigo editado por Alexandra Antunes