Junto à Barragem do Cabril, em Pedrógão Grande, "a água está boa para banhos" e "não ardeu à volta", mas, mesmo assim, o parque de campismo Eventur, situado naquela zona, registou uma quebra na ocupação "na ordem dos 80%", disse à agência Lusa o administrador do espaço, José Costa.
Julho e agosto costumam ser os melhores meses do parque, com uma ocupação próxima dos 100%, mas, neste momento, "ronda os 20%, se tanto", lamenta o responsável, sublinhando que, passado dois meses, continua a receber chamadas todos os dias, "com as mesmas perguntas" sobre a qualidade da água, do ar ou se há zona ardida junto ao parque de campismo.
Neste momento, José Costa não equaciona pedir apoio e espera conseguir sobreviver por "meios próprios", na expectativa de que para o ano "as coisas melhorem", referindo que, da parte do Estado e das autarquias, "tem havido algum empenhamento para minimizar o que é possível".
Também no parque de campismo "O Moinho", próximo da praia fluvial do Poço de Corga, na Castanheira de Pera, o cenário é idêntico.
"Em agosto, costuma estar cheio e, neste momento, está a 40%", conta o responsável do empreendimento, o holandês Albert Kroneman, referindo que naquela zona não há terrenos queimados.
Também neste parque, espera-se que para o ano as pessoas regressem.
No Góis Camping, situado na sede de concelho, o impacto também se regista, mas a quebra fixa-se em menos "30% de faturação em relação a 2016", afirmou o responsável, Paulo Carvalho.
"O mês de julho foi significativamente mais fraco e houve vários cancelamentos de reservas para grupos. Agora, está melhor, mas não está tão bom como o ano passado", notou, contando que "o estigma" relativamente à região "continua".
"As pessoas pensam que está tudo ardido em Góis. Isso não é verdade. Num raio de 15 quilómetros da vila não há nada ardido", realça Paulo Carvalho, salientando que "os sítios mais emblemáticos" do concelho, nomeadamente as praias fluviais com bandeira azul, não arderam.
Já na Pampilhosa da Serra, no Parque de Campismo de Janeiro de Baixo, o impacto do incêndio não se registou, "que o fogo ficou um pouco afastado", aclara a responsável do parque, Nádia Alves, afirmando que não houve quebras nem cancelamento de reservas.
Em Serpins, no concelho da Lousã, onde o fogo também esteve longe, a história é outra e a administradora do parque de campismo, Marlene David, fala numa taxa de ocupação que não chegou a 50%, quando seria expectável o parque estar lotado.
Dois grandes incêndios começaram no dia 17 de junho em Pedrógão Grande e Góis, tendo o primeiro provocado pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos. Foram extintos uma semana depois.
Estes fogos terão afetado aproximadamente 500 habitações, 169 de primeira habitação, 205 de segunda e 117 já devolutas. Quase 50 empresas foram também afetadas, assim como os empregos de 372 pessoas.
Os prejuízos diretos dos incêndios ascendem a 193,3 milhões de euros, estimando-se em 303,5 milhões o investimento em medidas de prevenção e relançamento da economia.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta.
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