“É uma ilusão. Dependemos da oferta e da procura e não há nada que seja capaz de determinar os preços dos produtos, só o mercado. Fixar os preços acho irrealizável. É como dizer que a água não molha”, disse o empresário durante a apresentação dos resultados de 2022 da Mercadona, que decorreu esta manhã em Valência.
Segundo o empresário, a fixação "artificial" de tetos aos preços de determinados produtos acabaria por ser “compensada com [aumentos de preços em] outros produtos” ou aconteceria “à custa da redução da qualidade dos produtos ou da diminuição do tamanho das embalagens”.
“Bloquear preços é impossível. Mas vamos lutar para baixar os preços”, assegurou, admitindo que “nada fazia imaginar” que a inflação atingisse os níveis atuais.
A este propósito, Juan Roig afirmou que os “fatores-chave” da estratégia da Mercadona para não repercutir no preço de venda dos produtos o impacto completo dos preços de custo têm sido a redução de margens, o controlo de custos, o incremento da produtividade (em 7% face a 2021) e a disponibilização de um “sortido eficaz”.
Segundo avançou, o impacto do aumento dos preços de custo reduziu a margem da empresa em 0,6 pontos e colocou a rentabilidade “num dos valores mais baixos da sua história: 0,025 euros de lucro por cada euro vendido, face aos 0,027 euros de 2021”.
Apontando um “aumento médio do PVP [Preço de Venda ao Público] de aproximadamente 10% em 2022”, a Mercadona avançou que o “esforço partilhado para travar o impacto dos preços de custo na cesta de compras, […], através da eficiência de custos e produtividade, conseguiu poupar mais de 375 milhões de euros no seu conjunto”.
“No decorrer do mês de março descemos o preço de mais de 157 produtos e vamos continuar à procura de baixar os preços de custo, para baixar os preços de venda ao público no carrinho de compras”, sustentou Juan Roig.
Na sua intervenção, o presidente da Mercadona destacou ainda a contribuição central dos empresários “honrados” para a geração da riqueza de um país, desmistificando a ideia de que “ter lucros é uma coisa má”.
“Ter lucros é indispensável. Mas, se o único propósito for ganhar dinheiro isso já não é bom. Há que compartilhar com toda a sociedade, com os trabalhadores, com os fornecedores, com os acionistas. Mas se não há lucro, não se pode reinvestir, ampliar e manter uma empresa. Há que transmitir esta mensagem à sociedade”, sustentou.
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