“Cada sapato evoca alguma época da vida de cada pessoa, da realidade, da história”, disse o equatoriano Esteban Del Hierro, um entusiasta de ténis que ao longo de 45 dos seus 55 anos acumulou mais de 7.000 pares. “A nossa vida é baseada em passos”, acrescenta.
Uma casa de cerca de 400 metros quadrados, localizada em Quito, é dedicada exclusivamente a 3,3 quilómetros lineares de estantes com corredores estreitos, nas quais são acomodados cerca de 5.500 pares. “Tem cheiro de sapataria, não é mau cheiro”, diz a sorrir.
Na casa vizinha há mais 1.500 pares, destaca, ao mostrar um exemplar com fama de ligação a gangues.
Os clássicos Nike Cortez – lançados em 1972 em homenagem ao conquistador espanhol Hernán Cortés – foram cunhados pela temida Mara Salvatrucha (MS-13) de origem americana e que atua em outros países do continente americano e na Europa.
O colecionador mostra um par branco estilo retro, bico largo e o emblemático swoosh [logotipo da Nike] azul claro. Este modelo - o primeiro da marca destinado ao atletismo a ser vendido nas lojas - ficou conhecido como “sapatos de gangue”.
O modelo foi utilizado em séries e filmes como Forrest Gump (1994), quando o personagem interpretado por Tom Hanks protagoniza uma intensa maratona de três anos.
Um templo do calçado
A casa é um templo do calçado onde também se encontram marcas como Adidas, Puma, Reebok, Gucci e Louis Vuitton, além de inúmeros modelos para todos os gostos. E há diversos padrões fabricados em colaboração com marcas como Ferrari, Porsche e Mercedes Benz.
“Calçados muito representativos para a América Latina” também são os sapatos skipper boat, usados pelo grupo musical porto-riquenho Menudo, que esteve na moda até à década de 1990, diz o colecionador, que procura com atenção outros calçados popularizados por grupos argentinos de cumbia villera .
Com o seu grande lote de sapatos planeia estabelecer um novo recorde do Guinness, quando o recorde atual de ténis é de 2.388 pares do americano Jordy Geller.
A antologia de calçado inclui cerca de 1.000 pares de chuteiras de futebol, incluindo de couro de canguru e o mesmo tipo usado por jogadores renomados como Pelé e Diego Armando Maradona. Segundo Del Hierro, não há registo de arrecadações de chuteiras e esta pode ser a primeira.
Outros pares emblemáticos são os de fibra de carbono produzidos em 2008 para Cristiano Ronaldo. O equatoriano tem o par 147 dos 999 lançados no mercado.
“Deixamos pegadas. O calçado é algo em que se baseia o ser humano”, finaliza o empresário.
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