Em conferência de imprensa, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, conhecido pelas iniciais AMLO, confirmou parcialmente relatos divulgados pela imprensa dos dois países de que Joaquín Guzmán López negociou a sua entrega com autoridades americanas.

"O que (os americanos) nos informaram foi sobre Guzmán López, que tinham conversas com ele e que, de repente, não só chegou Guzmán López, mas também o senhor Zambada", disse López Obrador em resposta a perguntas de jornalistas.

"El Mayo", que por décadas liderou o cartel de Sinaloa e foi aliado próximo de "El Chapo", era o narcotraficante mais procurado pelos Estados Unidos, com uma recompensa de 15 milhões de dólares, até acontecer a sua surpreendente captura num aeroporto próximo a El Paso, no Texas.

Zambada chegou no dia 25 de julho num avião particular juntamente com Guzmán López e ambos foram detidos por forças federais americanas ao descerem da aeronave.

A defesa do narcotraficante de 76 anos alega que o seu cliente foi "sequestrado" por Guzmán e depois transferido para os Estados Unidos como parte de um suposto acordo.

López Obrador absteve-se de fornecer mais detalhes, alegando que está a aguardar outras informações oficiais de Washington, pois trata-se de um "assunto delicado" e que poderia gerar "um conflito maior" no México.

Autoridades americanas afirmaram que desconheciam a presença de Zambada no avião. De cadeira de rodas e com aparência debilitada, o narcotraficante compareceu na quinta-feira passada a um tribunal no Texas para declarar-se inocente das acusações de narcotráfico, lavagem de dinheiro e conspiração para cometer assassinato.

Após a sua detenção, Guzmán López foi levado para Chicago, onde também declarou-se inocente das acusações de tráfico de drogas.

O governo mexicano reitera que não participou nestas capturas. Após a operação, circularam rumores de que Ovidio Guzmán, outro filho de "El Chapo" preso nos Estados Unidos, ter-se-á tornado numa testemunha protegida. Washington esclareceu que ele continua sob custódia.

Guzmán pai foi entregue pelo México aos Estados Unidos em janeiro de 2017 e cumpre prisão perpétua num presídio de segurança máxima em Florence, no Colorado.

Vicente Zambada, um dos filhos de “El Mayo” também está preso numa prisão americana após ter sido extraditado em 2010.

O mundo do narcotráfico mexicano tem sido marcado ao longo de décadas por supostas traições, com chefes de cartel a revelar informações sobre grupos rivais.