A Zero referiu, em comunicado, que na preparação da conferência e do debate prévio às eleições europeias do próximo ano, surgiram duas iniciativas que visam a discussão em torno da mudança para uma “economia do bem-estar” e a apresentação de alternativas.
Sob o mote “Caminhos para uma Prosperidade Sustentável”, a conferência “Beyond Growth” (Além do Crescimento), organizada pelo Parlamento Europeu, decorre entre hoje e quarta-feira, em Bruxelas, Bélgica.
Uma das iniciativas é precisamente uma carta aberta, subscrita por mais de 400 organizações e personalidades, entre as quais a Zero, que entendem que “no seio da sociedade civil e da academia, ideias críticas do crescimento têm vindo a tornar-se mais fortes” e que “o conhecimento científico e as perspetivas políticas estão disponíveis para tornar as ideias de decrescimento ou pós-crescimento uma realidade”.
A carta, que fica disponível a partir de hoje em inglês e português, refere ainda que as “crises são também oportunidades para criar um novo sistema que possa assegurar o bem-estar para todos, ao mesmo tempo que permite uma vida democrática próspera e um modo de vida mais suave, mas mais agradável.”
A outra iniciativa, explicou a Zero, está relacionada com “uma visão para a Europa promovida por um conjunto de 14 organizações que constituem a coligação europeia para a economia do bem-estar”.
Esta coligação junta organizações da sociedade civil, ‘think tanks’ (laboratórios de ideias) e sindicatos que promovem o conceito de bem-estar com uma missão comum: fortalecer o debate, as políticas e os indicadores que possam trazer ao processo de decisão europeu o bem-estar humano e planetário.
“O sistema económico foi concebido, por isso pode ser redesenhado de forma diferente. Precisamos urgentemente desta remodelação se quisermos garantir um futuro em que todos prosperem, e a nossa coligação está confiante de que é tão possível quanto necessário. Exortamos a União Europeia (UE) a aproveitar a oportunidade de transformação e a colocar o bem-estar humano e planetário no centro da tomada de decisões”, defende a coligação, citada pela ZERO.
Quanto à conferência, a associação disse que surge como “uma oportunidade para refletir sobre como construir um caminho diferente, para que o futuro das gerações futuras não seja posto em causa por problemas como as alterações climáticas, o colapso dos ecossistemas associado à perda da biodiversidade ou a escassez de recursos fundamentais como o solo ou a água”.
A organização portuguesa alega ainda que a conferência surge “num momento-chave”, em que se começa a debater a ideia da UE que se quer no âmbito da preparação das eleições europeias que terão lugar em 2024.
“A pandemia e, em particular, a guerra na Ucrânia, têm servido de desculpa para as vozes mais retrógradas ganharem espaço na defesa do ‘status quo’ e procurarem garantir que os mesmos continuam a ganhar e a acumular, enquanto a maioria da população e o ambiente continuam a ser explorados”, refere a organização.
Por isso, considera que as próximas eleições europeias “serão decisivas” para definir o caminho que a UE fará, ou seja, “se mantém o ciclo vicioso atual onde uma minoria ganha e uma maioria perde ou rompe com este ciclo e começa a caminhar rumo a uma economia do bem-estar, assegurando prosperidade para todos, dentro dos limites do planeta”.
Há uma semana a Zero assinalou o dia da sobrecarga do planeta para Portugal, ou seja, o dia em que o país esgotou os recursos naturais disponíveis para este ano e começou a usar recursos que só deveriam ser consumidos no próximo ano.
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