No relatório, o Grupo VITA vai destacar o universo de 62 pessoas que pediram atendimento, presencialmente ou ‘online’, numa “caracterização sociodemográfica, do tipo de situações que reportam, onde é que aconteciam, como é que se sentiam, que impacto é que estas situações tiveram”.
Os dados foram revelados no domingo pela coordenadora do Grupo VITA, a psicóloga Rute Agulhas, em entrevista conjunta à agência Ecclesia e à Rádio Renascença, na qual apontou que a média etária das vítimas que contactaram aquele organismo desde a sua criação, em abril de 2023, se situa nos 54 anos.
Além deste relatório, o Grupo VITA apresenta hoje três estudos que desenvolveu sobre os catequistas e a prevenção do abuso sexual, o conhecimento do abuso infantil dos professores de Educação Moral e as “Vivências do celibato no contexto da Igreja Católica em Portugal”, divulgados no jornal digital 7Margens.
No caso do primeiro, conclui-se que os programas de prevenção neste âmbito estão “numa fase embrionária”, porque os catequistas católicos, embora reconheçam a importância da prevenção do abuso sexual de crianças no contexto da catequese e sintam que o podem fazer, manifestam ao mesmo tempo “alguns receios e sentem existir resistência não só do grupo de catequistas, como na própria comunidade”.
Uma das principais conclusões do segundo estudo revela que quase metade dos professores de Educação Moral Religiosa e Católica (EMRC) considera que a maior parte dos agressores sexuais já tinha “antecedentes de violência na família” (45,8%) e que “o adulto abusador foi ele próprio vítima de abuso sexual quando criança ou adolescente” (41.1%) ou sofre de “doença mental” (39.1%), segundo aquele jornal digital.
O terceiro, um “estudo quantitativo com membros de ordens religiosas”, só contou com 28 respostas, 25 das quais foram validadas, do universo de padres, seminaristas e diáconos membros de ordens religiosas, bem como de perto de cinco mil freiras. Dos resultados, conclui-se que “o celibato desempenha um papel central na vida dos membros de ordens religiosas”.
O Grupo VITA foi criado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica que validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.
Em abril de 2024, a CEP aprovou a criação de um fundo, “com contributo solidário de todas as dioceses”, para compensar financeiramente as vítimas de abusos sexual no seio da Igreja Católica em Portugal.
Em 1 de junho, a CEP abriu o período de “apresentação formal” dos pedidos de compensação financeira às crianças e adultos vulneráveis vítimas de abusos sexuais no contexto da Igreja Católica.
Estes pedidos devem ser apresentados, até 31 de março deste ano, ao Grupo VITA ou às comissões diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, após o que, “uma comissão de avaliação determinará os montantes das compensações a atribuir”.
Os bispos preveem que os processos de atribuição de indemnizações estejam concluídos até ao final de 2025.
Comentários