Na sua apresentação anual, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen começou por passar em revista os principais acontecimentos do último ano, focando-se no combate à pandemia da covid-19 e apresentou as grandes prioridades políticas, objetivos e iniciativas para os próximos 12 meses.
A guerra na Ucrânia marcou o início do discurso de Estado da Nação da presidente da União Europeia que contou com a presença da primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska.
“Putin vai falhar”, afirmou von der Leyen. “O setor financeiro da Rússia está em modo de suporte de vida pelas nossas sanções. A indústria russa está parada. Quero deixar bem claro que as sanções são para ficar e quero dizer que ficarão até que se resolva esta crise”, avisou a presidente da União Europeia.
Dirigindo-se à primeira-dama convidada, Leyen anunciou que vai falar com o presidente Zelensky e mostrar-lhe o mercado único europeu “para que comece a entrar no sistema”.
No que se refere à crise energética, Leyen lamentou a opção da Rússia em “queimar o gás'' em vez de o enviar para a Europa” e assim reconhece que a “fórmula Rússia” já não resulta prometendo uma mudança de direção em relação aos fornecedores energéticos da UE. “Temos de conversar com fornecedores de confiança, como a Noruega e não a Rússia”.
Ursula von der Leyen demonstrou preocupação com o aumento do custo da energia e para mitigar esses aumentos, vai propor um limite no preço da energia às empresas. “Queremos evitar que as empresas fornecedoras de energia lucrem em altura de guerra”, afirmou. "Nestes tempos, os lucros devem ser partilhados e canalizados para aqueles que mais precisam", esclareceu o plenário em Estrasburgo. “Vamos trabalhar com os reguladores de mercado para manter os valores justos, assegurando também a competitividade.
Na atual configuração do mercado europeu, o gás determina o preço global da eletricidade quando é utilizado, uma vez que todos os produtores recebem o mesmo preço pelo mesmo produto (a energia elétrica) quando este entra na rede.
Na União Europeia (UE), tem havido consenso de que este atual modelo de fixação de preços marginais é o mais eficiente, mas a acentuada crise energética, exacerbada pela guerra da Ucrânia, tem motivado discussão.
Uma vez que a UE depende muito das importações de combustíveis fósseis, nomeadamente do gás da Rússia, o atual contexto geopolítico levou a preços voláteis na eletricidade.
As tensões geopolíticas devido à guerra da Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, com a Rússia a ter sido no ano passado responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros, uma percentagem que é agora de 9%.
As medidas de emergência e temporárias anunciadas passam por assegurar o fornecimento de energia de forma segura e consistente. Para, posteriormente, “reformar o mercado” em direção a novas formas de energia.
“Temos de expandir o mercado de hidrogénio, e por isso anuncio a criação de um banco - um fundo - para ajudar a construir um mercado de hidrogénio” justo para todos. "Isto ajudará a garantir o fornecimento de hidrogénio utilizando dinheiro do Fundo de Inovação, [no âmbito do qual] será possível investir três mil milhões de euros para ajudar a construir um futuro mercado de hidrogénio", declarou Ursula von der Leyen.
Intervindo no seu terceiro discurso sobre o Estado da União, na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, a líder do executivo comunitário argumentou que "o hidrogénio pode mudar completamente a inovação na Europa", razão pela qual é necessário "passar de um mercado de nicho para um mercado de massas para o hidrogénio".
"Com o [pacote energético] Repower redobrámos os nossos objetivos e queremos produzir 10 milhões de toneladas de hidrogénio renovável até 2030, [pelo que], para o conseguirmos, precisamos de criar um novo mercado de hidrogénio para preencher a lacuna de investimento e para corresponder à oferta e procura para o futuro", vincou Ursula von der Leyen, justificando este novo banco de hidrogénio, com verbas do Fundo de Inovação.
"É assim que vamos construir a economia do futuro, este é o Pacto Ecológico Verde", adiantou.
No campo das alterações climáticas, von der Leyen disse que “nos últimos meses, percebemos que o mercado de energia verde é importante. Temos assistido a fenómenos como a seca e a falta de água. Os glaciares europeus estão a desaparecer. Por isso, a UE vai forçar novas medidas para a ação climática. Vamos trabalhar em conjunto no combate às alterações climáticas. Porque nenhum país conseguirá fazê-lo sozinho”, disse, anunciando o reforço de meios para o combate a incêndios a nível europeu.
“Os últimos anos demonstraram o quanto a UE pode fazer quando trabalha em conjunto. Combatemos a pandemia, compramos vacinas em conjunto, conseguimos ultrapassar a crise tão rapidamente que não há memória desde a segunda guerra mundial”, disse ainda a presidente sem esquecer de deixar uma palavra em homenagem à Rainha Isabel II.
(notícia atualizada às 9h50)
Com Lusa*
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