“A adesão está a ser maciça, como da outra vez, sempre acima dos 90%”, disse à Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF), Henrique Reguengo, sublinhando que “muitos sítios chegam aos 100%”.
Os farmacêuticos hospitalares cumprem hoje o segundo e último dia de greve, depois de terem parado também durante dois dias em outubro.
“Essa é uma situação que levou os farmacêuticos a uma revolta muito grande e um desespero muito grande. Aliás, só isso é que explica efetivamente que a primeira greve em 30 anos tenha uma adesão deste tipo”, afirmou.
O responsável disse que estes profissionais esperam que o Governo “mostre abertura para negociar” e “perceba que é preciso fazer alguma coisa para mudar”.
“Espero obviamente que amanhã o Ministério manifeste efetivamente a sua abertura para negociar alguma coisa e espero, sobretudo, que apareça com propostas que tenham em conta aquilo que aconteceu os farmacêuticos nestes últimos 30 anos”, disse.
Henrique Reguengo sublinha que “os farmacêuticos têm de ser tratados de uma forma digna no Serviço Nacional de Saúde”, considerando que isso não está a acontecer “há muito tempo”.
“Nós não estamos em greve apenas por melhores condições de trabalho e por melhor salário. Esta greve é pela dignidade da profissão dos farmacêuticos”, destacou.
O presidente do SNF lembra que, atualmente, estão a decorrer negociações no ministério da Saúde com classes profissionais que “já viram ao longo destes anos a sua situação alterada” e alerta que “desde 1999 que ninguém olha para a tabela” dos farmacêuticos.
“É óbvio que isto resulta em mais de 90% de adesão à greve”, concluiu.
O responsável lembra ainda: “a ciência aponta para que, nos próximos anos, a continuarem as coisas como estão, o papel do farmacêutico na intervenção terapêutica nos hospitais seja cada vez mais importante, quer para a eficácia, quer para a contenção de custos”
“É impensável visualizar o Serviço Nacional de Saúde daqui a dez anos a funcionar como deve ser, e com uma rentabilidade que seja aceitável, sem ter os farmacêuticos claramente envolvidos”, insistiu.
Os farmacêuticos dos serviços públicos de saúde exigem a revisão das grelhas salariais, que datam de 1999, e a contagem integral do tempo de serviço para progressão na carreira.
A greve abrange todos os serviços de saúde dependentes dos ministérios da Saúde, Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Defesa Nacional, assim como nos Açores e na Madeira.
O sindicato, além da valorização profissional e da contagem integral do tempo de serviço no SNS para efeitos de promoção e progressão na careira, exige também a vinculação efetiva dos farmacêuticos a exercer no serviço público com contratos precários e a adequação do número de profissionais às reais necessidades e complexidade das atividades desenvolvidas.
No pré-aviso de greve, o sindicato pede igualmente o reconhecimento e homologação, por parte do Ministério da Saúde/Administração Central do Sistema de Saúde, dos títulos de especialista atribuídos pela Ordem dos Farmacêuticos, assim como a definição e regulamentação “do processo especial e transitório para regularização do acesso à especialidade/residência farmacêutica por parte dos farmacêuticos contratados após 01 de março de 2020”.
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