Segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2025, o Governo vai avançar no próximo ano com a execução de “estudos de base” para sustentar as soluções técnicas na implementação do novo aeroporto de Lisboa, previsto para Alcochete, conforme decisão tomada em 15 de maio.
Confrontado com este facto, Francisco Calheiros questionou, em declarações à Lusa à margem do 49.º Congresso APAVT, que decorre em Huelva (Espanha), "o que se tem feito nestes últimos meses" desde o anúncio da decisão por Alcochete e o porquê da demora no desenvolvimento deste projeto.
Ainda assim, e por isso, "tem que haver uma alternativa urgente" ao aeroporto de Lisboa, reforçou, reiterando o facto de se continuar a negar 'slots' na capital de Portugal (autorizações de aterragem e descolagem nos aeroportos) e de não acreditar que o futuro aeroporto se faça em seis ou sete anos.
"O que me preocupa é o exemplo do Berlim, são os 16 anos que os alemães levaram a fazer um aeroporto numa estrutura não existente", disse.
Na quinta-feira, na abertura do congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Francisco Calheiros já tinha abordado a relevância que via na divulgação de um cronograma para Alcochete.
"A decisão está tomada. Já pedi para que se conhecesse o cronograma do aeroporto. Se ele existe, que seja público, se não existe que se faça (...). A última estrutura não existente que se fez, um grande aeroporto da Europa foi o de Berlim. Demorou 16 anos a ser construído e estamos a falar de um país em que são conhecidos pela sua competência e eficácia", disse.
Hoje, à Lusa, o responsável diz que, apesar de "o cronograma [que gere a cronologia de tarefas, por exemplo] ser um detalhe, o Governo ficaria a ganhar" se o divulgasse, para que se pudesse ir acompanhando, monitorizando o desenvolvimento da futura obra.
"É urgente termos uma alternativa. Temos que forçar a situação para podermos ter Montijo daqui a dois ou três anos", insistiu.
No relatório que acompanha a proposta do OE2025, o Governo refere que “ao nível aeroportuário, a solução para o Novo Aeroporto de Lisboa, na localização definida pelo Governo, verá a execução dos estudos de base que darão sustentação às soluções técnicas a encontrar na execução daquela obra estruturante da realidade de mobilidade e competitividade nacionais”.
Além disso, diz o documento, “no âmbito das infraestruturas aeroportuárias, destacam-se os objetivos principais de dar continuidade ao processo de desenvolvimento do Novo Aeroporto de Lisboa e garantir o aumento da capacidade do sistema aeroportuário da região de Lisboa, em particular no Aeroporto Humberto Delgado, até à entrada em operação" da nova infraestrutura.
Assim, para o Aeroporto Humberto Delgado, “é prioritário assegurar os investimentos necessários que permitam atingir um volume de tráfego anual de 40-45 milhões de passageiros, o que implica, além de investimentos nos subsistemas de aeroporto (pista, ‘taxiways’, placas de estacionamento, terminais e acessibilidades), um aumento do número de movimentos por hora, com possibilidade de acrescerem dois outros por tráfego aéreo de/para o aeródromo municipal de Cascais”, segundo o documento.
Em 27 de setembro, o presidente do Conselho de Administração da ANA garantiu que a gestora aeroportuária vai cumprir escrupulosamente os prazos para candidatura à construção do Aeroporto Luís de Camões, no Campo de Tiro de Alcochete.
A garantia foi dada por José Luís Arnaut, que participava num debate sobre os desafios da aviação e da ferrovia, no âmbito da 7.ª Cimeira do Turismo Português, em Mafra, com o presidente da TAP, Luís Rodrigues, e o presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Transporte, Fernando Nunes da Silva.
“[Vamos] cumprir escrupulosamente e em tempo, […] o interesse também é nosso, dentro do tempo possível e legal nós vamos cumprir”, respondeu o presidente da ANA – Aeroportos de Portugal, quando questionado sobre se a gestora aeroportuária vai cumprir as etapas definidas pelo Governo para a apresentação da candidatura à construção do novo aeroporto.
Em maio, quando o executivo de Luís Montenegro anunciou a decisão de construir a nova infraestrutura no Campo de Tiro de Alcochete, foi definido também que o Governo faria o pedido de preparação de candidatura à ANA no prazo de 30 dias e, depois, a gestora teria seis meses para elaborar um relatório inicial, que deverá ser entregue até meados de novembro.
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