“Os Verdes gostam pouco de discursos. Gostamos mais de verificar a prática e podemos dizer que a localização do aeroporto do Montijo é, só por si, uma contradição, com as palavras do senhor primeiro-ministro [na Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas] COP25”, criticou Manuela Cunha, do Partido Ecologista os Verdes.
Durante uma conferência de imprensa hoje, no Porto, para apresentar as conclusões do Conselho Nacional do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) sobre a situação nacional, Manuela Cunha criticou também as políticas do Governo de António Costa no caso da prospeção do lítio em Montalegre.
Questionada pelos jornalistas para comentar o facto do primeiro-ministro, António Costa, ter ido à COP25 dar Portugal como um bom exemplo no combate às alterações climáticas, Manuela Cunha realçou que a prospeção do lítio em Montalegre assinalava uma “contradição”.
“O próprio lítio em Montalegre é uma contradição com as palavras do senhor primeiro-ministro”, porque “as zonas agrícolas e florestal são elas próprias um sumidouro de carbono e está a destruir-se o sumidouro de carbono, num momento em que se fala de alterações climáticas”, criticou.
Ainda sobre o futuro aeroporto do Montijo, Manuela Cunha destacou que a zona destinada a essa infraestrutura é uma zona “de risco de submersão de cheias enorme, em breve, com a subida do nível dos mares”, recordando que a “salinização do Estuário do Tejo já se faz sentir quase até à Azambuja”, porque a “água do Tejo é cada vez menos”.
“Isto é completamente contraditório em termos de ordenamento de território nas opções que se deveriam fazer adequadas a estas emergências não só de combate, como de adaptação”, concluiu.
O Conselho Nacional do Partido Ecologista Os Verdes reuniu-se hoje no Porto e elegeu o transporte ferroviário como o “pilar fundamental” para Portugal combater o aquecimento global.
A COP25 começou na segunda-feira passada em Madrid, com a presença de 50 líderes mundiais, incluindo o primeiro-ministro português, António Costa, e termina no próximo dia 13 de dezembro, sendo esperadas delegações de 196 países, assim como os mais altos representantes da União Europeia e várias instituições internacionais.
Uma das mensagens que António Costa transmitiu aos líderes na sua intervenção na segunda-feira, em Madrid, foi que era possível agir e que valia a pena agir, dando uma série de exemplos da experiência portuguesa na luta contra as alterações climáticas.
“Portugal tem hoje 54% da eletricidade que consome com origem em fontes renováveis”, realçou António Costa, acrescentando que o aumento foi conseguido numa altura em que “muitos receavam o impacto económico desta mudança energética”.
O chefe do Governo referiu que em 2018 o país reduziu “três vezes” as emissões de gases nocivos para a atmosfera relativamente à dimensão do conjunto da União Europeia e conseguiu, mesmo assim, ter um crescimento económico acima da média europeia.
“A transição energética não nos prejudicou no nosso crescimento”, concluiu António Costa, que em seguida também deu o exemplo da “diminuição do custo da energia em Portugal em 8%, enquanto na União Europeia aumentava 6%”.
O primeiro-ministro insistiu que a energia renovável “pode ser uma energia mais barata”.
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