Hoje, em Charikar, capital da província de Parwan (oeste), “27 criminosos, entre os quais 18 homens e 9 mulheres, foram açoitados por ordem dos tribunais da Sharia [lei islâmica] da referida província”, explicou o Supremo Tribunal.
As razões mencionadas para esta punição são, entre outras: sodomia, adultério, falso testemunho, libertinagem, fuga do lar conjugal ou roubo, bem como venda e posse de drogas.
“Cada um destes criminosos confessou os crimes no tribunal sem recorrer à força e ficou satisfeito com a punição dada pelo tribunal”, disse uma fonte à agência noticiosa France Presse (AFP).
Uma testemunha disse à AFP que mais de mil pessoas assistiram à flagelação organizada num estádio da cidade. “O público cantou ‘Allah Akbar’ e ‘queremos que a lei de Deus seja aplicada em nosso solo'”, contou.
“Os açoitados receberam de 20 a 39 golpes de bengala de uma equipa dos talibãs que trocava de lugar à medida que ficavam cansados”. “A maioria dos homens contorcia-se, enquanto as mulheres gritavam de dor”, segundo a testemunha.
Na quarta-feira, pela primeira vez desde o seu retorno ao poder em agosto de 2021, os talibãs executaram um homem acusado de assassinato na frente de várias centenas de pessoas em Farah (oeste).
O condenado foi morto por três tiros disparados pelo pai da vítima, segundo a lei de retaliação.
Esta situação foi fortemente criticada, em particular pelos Estados Unidos e pela França.
Washington apelidou o ato de “odioso” e lamentou que os talibãs não estejam a cumprir as promessas que fizeram à comunidade internacional.
“Isso mostra, em nossa opinião, que os talibãs estão a tentar retornar às suas retrógradas e violentas práticas dos anos 1990”, disse Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Sob o primeiro regime talibã (1996-2001), os talibãs puniam publicamente os perpetradores de roubo, sequestro ou adultério, com penas como amputação de um membro e apedrejamento.
“A França condena nos termos mais veementes a execução pública realizada hoje pelos talibãs no Afeganistão”, reagiu, por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês num comunicado de imprensa.
O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, reagiu, considerando tratar-se de uma “interferência”.
O facto de o Afeganistão ser criticado “demonstra que certos países e organizações” têm “um problema com o Islão e não respeitam as crenças e as leis dos muçulmanos”, denunciou num comunicado de imprensa.
Após seu regresso ao poder, os talibãs prometeram ser mais flexíveis na aplicação da Sharia, mas voltaram, em grande parte, à interpretação rigorosa do Islão que marcou sua primeira passagem ao poder.
Em meados de novembro, o líder supremo dos talibãs, Hibatullah Akhundzada, ordenou aos juízes que aplicassem todos os aspetos da lei islâmica, incluindo execuções públicas, apedrejamentos, açoites e amputação de membros para ladrões.
Comentários