As manifestações ocorreram quando os talibãs, que tomaram o poder em 15 de agosto na sequência da retirada das forças norte-americanas e da NATO, se preparam para anunciar a composição de um Governo de transição com o objetivo de estabilizar o país e relançar uma economia em colapso.
Centenas de afegãos desfilaram esta manhã em pelo menos dois bairros de Cabul, denunciado a situação no vale de Panjshir e a ingerência do Paquistão, acusado de pretender controlar o país através dos talibãs, seus tradicionais aliados.
Os manifestantes foram rapidamente dispersos por um grupo de talibãs enviados para o local e que efetuou disparos para o ar. Diversos jornalistas que seguiam as manifestações refeririam terem sido detidos, insultados ou com material confiscado pelos combatentes.
Entre os manifestantes incluíam-se numerosas mulheres, que receiam a sua exclusão da vida pública pelos talibãs como sucedeu durante o seu anterior regime, entre 1996 e 2001.
Dezenas de mulheres também se manifestaram na segunda-feira em Mazar-i-Sharif (norte), e na semana passada em Herat (oeste).
Cerca de uma centena de manifestantes, na maioria mulheres, concentrou-se frente à embaixada do Paquistão e entoaram “Não queremos um governo apoiado pelo Paquistão” e “Paquistão, fora do Afeganistão”.
A rebelião no Panjshir, um tradicional bastião anti-talibã, é dirigida pela Frente Nacional de Resistência (NRF na sigla em inglês) e o seu chefe Ahmad Massoud, filho do célebre comandante Ahmed Shah Massoud, assassinado pela Al-Qaida em 09 setembro de 2001, dois dias antes dos ataques da organização ‘jihadista’ nos Estados Unidos.
A NRF afirma manter “posições estratégicas” no vale e “prosseguir” o combate e com Ahmad Massoud a emitir um apelo para que cada afegão “se erga pela dignidade, liberdade e prosperidade” do país.
Após a proclamação da vitória no Panjshir, o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, emitiu na segunda-feira uma firme advertência ao ameaçar com uma “dura repressão” a quem tentar fomentar rebeliões no país.
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