“Eu sou o primeiro responsável pelos bons e maus resultados. Se perder as eleições, não tenho qualquer condição de continuar”, afirmou, em declarações aos jornalistas após uma reunião com sindicatos do setor dos transportes, na sede do PSD/Madeira, no Funchal, no âmbito da campanha eleitoral.

Miguel Albuquerque defendeu que tem de retirar as devidas responsabilidades se não ganhar as eleições regionais e que não se esconde “atrás de ninguém”.

No dia em que a Assembleia da República debate e vota a moção de confiança ao Governo, com chumbo anunciado e que ditará a demissão do executivo, o social-democrata madeirense reiterou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, “não podia continuar a ser queimado em fogo brando”, concordando com a clarificação da situação política.

A moção, intitulada “Estabilidade efetiva, com sentido de responsabilidade”, foi anunciada pelo primeiro-ministro em 05 de março, na abertura do debate da moção de censura do PCP ao executivo minoritário PSD/CDS-PP, perante dúvidas levantadas quanto à vida patrimonial e profissional de Luís Montenegro.

Albuquerque, ainda presidente do executivo madeirense, que é arguido num processo sobre suspeitas de corrupção, disse também concordar que Luís Montenegro se recandidate numa situação de eleições antecipadas, mesmo que seja constituído arguido, argumentando que “não está acusado de nada”.

“Não há nenhum ato ilícito. Isto é tudo uma questão, uma agenda alarmista, histérica, para criar instabilidade e tentar difamar”, reforçou, acrescentando que se continuar a ser recorrente no país a utilização de instrumentos de denúncia judicial como forma de fazer política, “daqui a dias não há nenhum titular em cargos públicos nem sequer é suscetível de manter uma governação coerente”.

Sobre a reunião com o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários e Atividades Metalúrgicas da Madeira, Miguel Albuquerque disse que o PSD valoriza o diálogo e a concertação social e que continuará a “acompanhar, no espírito de diálogo social, as reivindicações justas do sindicato”.

Como funcionam as eleições na Madeira?

Estas legislativas, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.

As eleições antecipadas ocorrem 10 meses depois das legislativas anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega – que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) — e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.

O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS tem 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).

Após as eleições do ano passado, também antecipadas, o PSD fez um acordo de incidência parlamentar com o CDS-PP, insuficiente, ainda assim, para a maioria absoluta.