“Que tenha levado 50 anos para conseguir essa reconciliação nos últimos dias é realmente vergonhoso”, admitiu Frank-Walter Steinmeier ao Presidente israelita Isaac Herzog, recebido numa visita oficial, em vésperas da cerimónia que na segunda-feira vai assinalar a tragédia.
Após décadas de negociações sigilosas sobre o assunto, o Governo alemão anunciou na quarta-feira ter concluído um acordo indemnizatório, quando se temia que os familiares das vítimas pudessem boicotar a cerimónia por considerarem os valores propostos por Berlim muito baixos.
O chefe de Estado alemão e seu homólogo israelita estarão presentes na cerimónia marcada para Munique.
Steinmeier declarou hoje que pretendia reconhecer “certos erros de julgamento, certos comportamentos erróneos, certas faltas cometidas” pelas autoridades alemãs em torno deste acontecimento, incluindo esquecimento durante os 50 anos que se seguiram à tomada de reféns israelitas.
Em 05 de setembro de 1972, oito membros da organização palestiniana Setembro Negro invadiram um apartamento da delegação israelita na Vila Olímpica de Munique, matando dois atletas israelitas e levando outros nove membros da comitiva como reféns, na esperança de uma troca por 232 prisioneiros palestinianos.
A intervenção dos serviços de segurança alemães terminou com a morte de todos os reféns, um resultado sangrento pelo qual as autoridades da Alemanha Ocidental foram parcialmente responsabilizadas. Cinco terroristas palestinianos foram mortos e outros três presos.
Com o acordo, o Governo do chanceler alemão, Olaf Scholz, concordou no pagamento de uma verba compensatória de 28 milhões de euros, parcialmente paga pela Baviera e pela cidade de Munique.
Os documentos relativos ao caso também serão desclassificados para permitir que historiadores alemães e israelitas compreendam melhor o assunto.
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