Annalena Baerbock, que assumiu funções na semana passada, disse aos jornalistas em Bruxelas que a situação na Bósnia-Herzegovina é “preocupante” e que a tentativa de secessão dos sérvios bósnios é “inaceitável”.
“Penso que isso significa (…) que o regime de sanções também deve ser aplicado contra Dodik”, indicou Baerbock após um encontro dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, onde pressionou para a imposição dessas medidas.
As suas declarações seguem-se às decisões adotadas pelo parlamento da Republika Srpska (RS, a entidade sérvia da Bósnia), e que podem implicar a redução dos poderes atribuídos à autoridade central do país, que integra ainda a frágil entidade de croatas e bosníacos (muçulmanos).
Os Estados Unidos já impuseram a Dodik o congelamento de bens e proibição de viajar, e ameaçaram com novas sanções caso os sérvios bósnios adotem novas medidas que enfraqueçam o Estado central.
A sugestão de impor sanções da UE a Dodik foi apoiada pela maioria dos 27 Estados-membros, mas as medidas sobre o congelamento de bens e proibição de viajar requerem unanimidade, que não está assegurada devido ao bloqueio da Eslovénia e Hungria.
Na passada sexta-feira, a oposição no parlamento dos sérvios bósnios criticou as medidas de Dodik ao considerá-las perigosas para a paz e para os compromissos do Acordo de Dayton, que pôs termo a uma guerra civil entre 1992 e 1995 que provocou cerca de 100.000 mortos.
Na prática, e mais de 25 anos após o fim da guerra civil, o país balcânico com 3,3 milhões de habitantes permanece um protetorado internacional, com fortes poderes decisórios atribuídos ao Alto representante que supervisiona e coordena a aplicação dos aspetos civis do Acordo de Dayton.
Em agosto passado, foi designado para este cargo Christian Schmidt, 63 anos, ex-ministro da Agricultura da Alemanha pelo partido democrata-cristão bávaro CSU, que em novembro passado já se pronunciou contra as intenções da liderança dos sérvios bósnios.
As tensões na Bósnia aprofundaram-se em julho passado, quando Valentin Inzco, o antecessor de Schmidt, proibiu por lei a negação do “genocídio de Srebrenica”, uma definição que os sérvios bósnios rejeitam.
A RS reagiu e aboliu essa lei no seu território e impôs o boicote dos seus líderes à presidência, parlamento central e conselho de ministros da Bósnia-Herzegovina.
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