A presidente executiva da Altice Portugal, Ana Figueiredo, disse hoje que a empresa irá cumprir a deliberação da Comissão de Avaliação de Segurança sobre riscos nas redes 5G, sem esclarecer, contudo, quais os impactos desta medida.
“A Altice Portugal recorre a vários players internacionais e vários fabricantes, trabalhamos com vários parceiros tecnológicos, de forma diversificada, e implementamos todos os mecanismos e práticas de segurança internacional nas nossas redes. Somos auditados regularmente, tanto a nível nacional como internacional", disse Ana Figueiredo sobre a deliberação da Comissão de Avaliação de Segurança para o “alto risco” para a segurança das redes e serviços em 5G, na utilização de equipamentos de fornecedores que sejam de fora da UE, NATO ou OCDE e que "o ordenamento jurídico do país em que está domiciliado" ou ligado "permita que o Governo exerça controlo, interferência ou pressão sobre as suas atividades a operar em países terceiros".
“Tivemos conhecimento de uma deliberação por parte de uma Comissão Nacional de Cibersegurança, estamos a analisá-la”, reagiu a CEO da Altice Portugal em resposta aos jornalistas à margem do 7.º aniversário da Altice Labs em Aveiro. “Vários países da União Europeia seguiram um processo relativamente a restrição e criação de mecanismos de segurança para redes de última geração, estamos a falar do 5G”.
Na segunda-feira, o Governo esclareceu à agência Lusa que as conclusões da Comissão de Avaliação de Segurança sobre o risco de uso de equipamentos 5G podem resultar na sua exclusão, cessação de utilização ou aplicação de restrições e cabe à Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) cumprir a deliberação.
Questionada pelos jornalistas se informaram o Governo de uma decisão de não utilizar mais a Huawei, Ana Figueiredo esclarece que não há decisão, nem sequer qualquer deliberação sobre esse assunto.
“O que existe publicamente é uma deliberação que define critérios para a classificação dos chamados High Risk Vendors, estamos a olhar para essa deliberação porque é bastante ampla e porque fala também na cadeia de abastecimento e aí há muitas cadeias internacionais sediadas em países da OCDE, NATO e UE que podem ser afetadas”, esclareceu.
“Estamos a analisar e tomaremos as decisões estratégicas que acharmos convenientes e obviamente a Altice Portugal vai cumprir todos os requisitos” e insiste que “o que tem de ser feito é esperar por clarificação e tomaremos decisões”, reforçou a CEO da Altice Portugal.
“É importante referir que em qualquer operador nacional e internacional, escolhemos os nossos parceiros com base em critérios tecnológicos, de segurança e resiliência. Os clientes MEO podem ter a certeza que a nossa rede é resiliente”, afirmou.
Questionada se utilizam ou não componentes periféricos nos equipamentos da marca Huawei, Ana Figueiredo volta a insistir que usam todos os equipamentos existentes no mercado.
“Não temos telemóveis Huawei de momento [nas nossas lojas]. Há telemóveis de várias proveniências”, disse Ana Figueiredo em resposta à pergunta sobre a marca.
De notar que a deliberação não refere nomes de empresas ou de países, mas o certo é que o caso da Huawei surge na memória, nomeadamente porque a tecnológica chinesa foi banida das redes 5G em outros países, entre os quais o Reino Unido e a Suécia.
Para Figueiredo é preciso “clarificar o âmbito da declaração já que “a informação ainda é escassa. Só aí podemos estar em condições de estimar se há impacto”, financeiro.
Quanto à questão da Huawei, Ana Figueiredo sublinha que “não é do âmbito dos operadores, mas sim das entidades e portanto devemos focar no que estamos aqui a fazer, estamos a celebrar o sétimo aniversário da Altice Labs e estamos a demonstrar pela primeira vez em Portugal uma conectividade de 25 G-PON isto ainda não existe, é inédito e devíamos estar a falar nisso”, lembrou a executiva. “É tecnologia portuguesa, know-how português e patenteado”, respondeu.
Questionada pelo SAPO24 se a ALTICE já começou a pensar em marcas alternativas à Huawei, Ana Figueiredo esclarece que o grupo trabalha com vários parceiros, por isso, trabalham com todos desde que deem garantias de fiabilidade e de capacidade técnica.
Altice tem capacidade de retenção de jovens, apesar da fuga de talento
Questionada sobre a retenção de talento, um assunto que preocupa cada vez mais as empresas, e que foi notado pelo CEO do Grupo Altice, Alexandre Fonseca na sua apresentação, Ana Figueiredo reforça que “é muito importante para as empresas que sejam criadas políticas públicas que promovam o investimento das empresas. Não queremos benefícios como empresa, mas que sejam criadas condições para que possamos reinvestir aquilo que extraímos de Portugal", disse.
"Aqui, na Altice Labs, investimos cerca de 80 milhões de euros por ano, dentro dos 500 milhões que investimos anualmente no resto do país em tecnologia, infraestruturas e plataformas. Por isso, acho que é importante que os governos em qualquer parte do mundo criem condições que atraiam investimento, retenham esse investimento e que sejam entidades desbloqueadoras, com rapidez. Porque o tempo para quem investe é fundamental".
"Se conseguirmos aproximar a velocidade de investimento para nos mantermos competitivos como empresa, manteremos Portugal competitivo. Somos uma indústria que promove a transformação digital e o desenvolvimento económico e por isso acho que é a aproximação das partes para tornar a economia mais forte".
Sobre se a Altice Labs é capaz de reter talento, Ana Figueiredo lembra que a Altice trabalha com 800 engenheiros em Aveiro e no Brasil. "Temos uma população também internacional. Temos uma boa capacidade de atração, temos também boa capacidade de retenção porque criamos condições únicas e trabalhamos em coisas que também são únicas no país e acho que isso é fundamental para um jovem se manter connosco", referiu.
"Antigamente competíamos só com empresas portuguesas por talento, hoje competimos com o mundo e com as maiores empresas de tecnologia. A Altice tem feito o seu caminho para reter não só os jovens como os menos jovens, sobretudo pessoas que tenham o nosso modo de olhar para o futuro", concluiu a empresária acrescentando que a Altice Labs pretende duplicar a sua capacidade com a contratação de mais engenheiros para um novo projeto interno e inovador para o grupo. “Queremos expandir o footprint da Altice Labs para outras geografias”, concluiu.
*com Lusa
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