Ao SAPO24, fonte do Comando Territorial de Lisboa da GNR confirma a existência de uma manifestação à porta da escola. "Está a ocorrer uma manifestação derivada à falta de operacionais e de condições na escola. Os alunos recusam-se a entrar, alguns deles acompanhados pelos pais". A mesma fonte confirma que, até ao momento, "não há incidentes a registar".
No local encontram-se também representantes da Associação de Pais local. Raquel Marques, vice-presidente, refere ao SAPO24 que "a escola está com défice de assistentes operacionais, o que está a meter em causa toda a situação de vigilância e higiene na escola", acrescentando ainda que a situação não aconteceu apenas neste ano letivo, mas que agora foi agravada. "Tivemos duas assistentes que faleceram, outras que estão de baixa e algumas pediram para serem colocadas noutros serviços", exemplificou.
O agrupamento decidiu encerrar os pavilhões desportivos do Monteagraço e da escola, assim como o campo de jogos, e a reprografia e o bar passam a estar praticamente encerrados à tarde a partir de segunda-feira.
Sobre a manifestação de hoje, Raquel Marques explica que não se sabe quem começou por colocar o cadeado nos portões da escola. "A Associação de Pais não esta envolvida nesta situação. Não se sabe quem foi que colocou o cadeado. Estamos aqui para ver o que está a acontecer e dar apoio aos alunos. Ninguém quer esta situação. Toda a gente quer o melhor e isso não está a acontecer. O ministério tem de dar resposta; tem de nos ajudar, isto não pode estar assim", remata.
Os alunos encontram-se no exterior da escola. Matilde, uma das alunas, conta ao SAPO24 que "os alunos não entram e encheram o portão de papéis onde se pode ler 'ninguém entra' e 'queremos condições', o mesmo que estão a gritar também". Do lado de dentro do portão, os professores aguardam.
"Os alunos estão aqui a fazer finca-pé. Quem melhor do que eles sabe o que se passa?", atira a vice-diretora da Associação de Pais. "Se amanhã acontecer um problema grave, quem é que vai dar assistência? A semana passada um aluno magoou-se na escola e não havia assistentes para o levar ao hospital, teve de ser um professor", refere. "E, para agravar, também temos falta de professores nesta escola. Não são colocados, não há assistentes operacionais, como é que isto é possível? E ainda temos a Educação Especial que precisa de assistência", remata.
Na passada sexta-feira, a direção do Agrupamento de Escolas Joaquim Inácio da Cruz Sobral informou que as aulas de Educação Física estavam suspensas "nos pavilhões e campo por falta de assistentes operacionais”.
Na nota, a direção do agrupamento explica que “tem vindo a alertar” a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares para “o facto de que os rácios [de assistentes operacionais] não estão a ser cumpridos”.
“Tentámos durante alguns meses encontrar várias soluções, mas que não ofereciam a sustentabilidade que as nossas escolas merecem e precisam, nomeadamente no que concerne às questões de segurança e acompanhamento das crianças”, adianta.
Na nota é referido que número de assistentes operacionais na escola sede do agrupamento “é manifestamente insuficiente” e “agravou-se com o atestado médico de dois funcionários, faltas para consultas e faltas por doenças”.
O agrupamento apela às famílias dos alunos que “demonstrem o seu descontentamento e que lutem pelo direito dos seus educandos junto da tutela”. Neste seguimento, Raquel Marques conta que a Associação de Pais já tentou obter resposta da Direção-Geral, mas sem sucesso até ao momento.
"Estamos há uma semana à espera de uma resposta que não veio. As pessoas saíram, aposentaram-se, faleceram, pediram mobilidade e não há respostas para esta escola. O que veio da parte do Sr. Delegado [Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares] foi, apenas, um telefonema e um ofício para dizer que a alternativa era contratar um assistente operacional por 30 dias, o que não é suficiente".
O SAPO24 tentou contactar a escola e até ao momento não conseguiu qualquer esclarecimento.
Contactado pela Lusa, o Ministério da Educação esclareceu que este agrupamento de escolas “viu o seu corpo de funcionários reforçado no concurso que autorizou a contratação de 1067 assistentes operacionais” em todo o país.
O processo de contratação já foi concluído, adiantou, e o agrupamento “foi autorizado a contratar três funcionários a tempo indeterminado”.
Além disso, “foi atribuído novo reforço de horas” a este agrupamento.
A tutela explicou ainda que “as escolas podem recorrer à bolsa de contratação, para suprir situações de ausências prolongadas, assim que tenha sido concluído o processo de contratação dos funcionários a tempo indeterminado, o que agora já poderá ocorrer”.
A Associação de Pais vai hoje convocar os pais para uma reunião geral na terça-feira, pelas 21:30, no sentido de tomar uma posição.
A escola, no distrito de Lisboa, possui cerca de 700 alunos (do 5.º ao 12.º anos).
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