Preocupações estas que são semelhantes às que a Amnistia Internacional tem em Portugal, embora a uma escala diferente, adiantou Pedro Neto em declarações à Lusa, após a sua intervenção no lançamento da nova série da Globo "Aruanas", sobre a Amazónia, e que conta com a parceria de mais de 28 organizações não-governamentais, que decorreu hoje em Lisboa.
"Há muito aquele discurso de que os pobres são malandros e não querem trabalhar e contribuir, e portanto é a demonização de uma classe económica que talvez necessitasse era de ajuda e de capacitação para sair da pobreza", sublinhou.
Para Pedro Neto, este discurso é dirigido sobretudo aos jovens dos subúrbios das grandes cidades brasileiras, para onde as pessoas migram à procura de trabalho e de oportunidades, mas "onde só encontram a exclusão".
"Esta é uma preocupação grave", reforçou.
A segunda preocupação em relação àquele país recai sobre "a militarização da segurança", acrescentou.
No Brasil, resolvem-se os problemas sociais e o crime pela força, comentou, e apesar de considerar que, às vezes, o "uso da força é necessário", Pedro Neto salientou que o preocupante é que "o outro lado da moeda não existe", ou seja, não há políticas de apoio à capacitação das pessoas para saírem da pobreza, e "até para os que cometem crimes para saírem desse mundo, mas convém separar as águas", ressalvou.
O terceiro aspeto preocupante é o das alterações climáticas, meio-ambiente e exploração dos recursos naturais.
E para o responsável da Amnistia Internacional, no Brasil existem duas ameaças neste domínio: "a das más políticas e a da perda de tempo para tentar travar essas más políticas".
Pedro Neto admitiu que o atual Governo do Brasil, liderado por Jair Bolsonaro, não tem conseguido implementar as suas ideias graças às lutas da sociedade civil, mas advertiu que a luta para as travar representa tempo que podia estar a ser aplicado na promoção de políticas de sustentabilidade.
"Estamos a consumir demasiado e a pôr em causa a nossa prosperidade por causa disso", disse ainda sobre o usso de recursos no planeta.
No Brasil, também há preocupações nesse domínio do uso dos recursos.
"Com a política do atual Governo e atual política muito liberal economicamente, receia-se que isso implique um uso abusivo dos recursos naturais”, de que o Brasil dispõe, concluiu.
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