Como personalidade indigitada para liderar o regulador, Ana Paula Vitorino foi ouvida na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação e garantiu que, das suas anteriores funções governativas, de deputada e outras atividades que levou a cabo, “não resulta qualquer incompatibilidade e impedimento” à sua nomeação como presidente da AMT.
“Quanto à isenção, independência e transparência”, Ana Paula Vitorino recordou o parecer da CReSAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública), que a considerou adequada para a função, depois de avaliar estas questões. “Não trabalhei em áreas que vão ser reguladas”, garantiu a deputada, que foi ainda secretária de Estado dos Transportes, entre 2005 e 2009.
“Sou idónea, cumpridora da lei, isenta e livre. Não tenho obediências partidárias”, garantiu, confrontada pelos deputados que a questionaram sobre a sua ligação ao programa do Governo do PS e a ligações familiares.
“Já fui acusada de não ceder a pressões, já fui muito prejudicada por defender com teimosia o interesse público, prejudicando interesses particulares”, assegurou, salientando ainda que “a AMT não tem competências políticas”.
Quanto às ligações familiares, Ana Paula Vitorino deixou críticas ao deputado do PSD, Carlos Silva. “Enquanto mulher não aceito nem aqui nem em qualquer sítio que ponham em causa a minha capacidade e independência por viver seja com quem for [com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita]”, vincou.
“Isso chama-se machismo e misoginia”, criticou, referindo que nunca admitiu “a tutela moral a ninguém”.
“Eu penso pela minha cabeça assim como a maioria das mulheres do país”, rematou a deputada.
Em resposta, Carlos Silva disse que não estava a colocar em causa questões de género nem relações familiares e sim “como proteger a AMT quando no Conselho de Ministros são tratados centenas e centenas de milhões de euros” e nesse mesmo órgão “está uma pessoa que tem relações familiares” com Ana Paula Vitorino.
Quanto às suas prioridades para a AMT, Ana Paula Vitorino defendeu “uma visão mais moderna da regulação”, advogando uma “concorrência como forma de prestar um melhor serviço” aos cidadãos.
“Tem de se aceitar a concorrência se for no sentido de melhorar a qualidade do serviço e não no sentido estritamente económico”, explicou.
Ana Paula Vitorino rematou a sua audição anunciando que “chegou ao fim” a sua carreira política.
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