André Ventura afirma que "ao voltar atrás no IRC, e não ser capaz de bloquear as medidas positivas, este Governo parece mais querer governar à esquerda do que à direita, e portanto, isso talvez justifique a aproximação ao PS".
O presidente do Chega considerou hoje que o Governo está a “reconhecer que vai deixar cair” a redução do IRC e a “capitular ao PS e à esquerda” nessa matéria e “provavelmente” abandonará também a proposta de IRS Jovem.
Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita a uma fábrica de rebuçados, na Amadora, André Ventura disse que o acordo conseguido hoje em sede de concertação social foi “pouco ambicioso” e, para os parceiros sociais, “um dos mais difíceis de aceitar dos últimos anos”.
Referindo-se à exclusão no acordo de rendimentos de uma referência explícita à redução da taxa de IRC, o líder do Chega afirmou que o executivo está a “reconhecer que vai deixar cair uma das medidas mais estruturantes” e, assim, a mostrar que não compreende as empresas nacionais e a “capitular ao PS e à esquerda".
“As nossas empresas, como aquela que nós vamos visitar hoje, estão cheias de impostos, estão cheias de burocracia, precisavam mesmo de uma reforma, portanto eu não sei a que boa-fé que o senhor primeiro-ministro se está a referir”, disse, referindo-se às palavras de Montenegro, de que só não haverá orçamento aprovado se falhar a “boa-fé negocial dos dois maiores partidos”.
Ventura sustentou que, mesmo não sendo referido por Montenegro neste pedido de “boa-fé”, o Chega “está à vontade porque desde março teve essa boa-fé” e acusou o primeiro-ministro de fazer um “número político para provocar eleições e provocar uma crise política no país”.
Questionado sobre se considera que o Governo acabará também por ceder ao PS no IRS Jovem, André Ventura respondeu que “provavelmente” será assim, para logo concluir que essas cedências, a acontecerem, “serão inaceitáveis”.
“O que vemos é o PSD a ceder em toda a linha ao PS, que nos levou onde levou”, frisou.
O líder do Chega levantou ainda a questão dos preços dos combustíveis, lamentando que, estando “o preço do petróleo nos valores mais baixos dos últimos anos”, os consumidores portugueses “estão a pagar mais pelos combustíveis”.
O partido vai “exigir que, independente do que venha a acontecer no orçamento, o Governo bloqueie a taxa de carbono”, de modo a limitar as subidas nos preços dos combustíveis.
Sobre o Conselho de Estado, que está agendado para esta tarde, Ventura reiterou que transmitirá aos seus membros que “não houve falta nenhuma de boa-fé” por parte do Chega para negociar o orçamento.
Ventura antecipou que, “estando presentes os líderes do principais partidos que decidirão o OE”, a questão orçamental deverá ter um “peso importante” no encontro desta tarde.
“A nossa posição é tranquila porque não é secreta, nem é escondida, é pública. Houve oportunidade de o fazer à direita, queríamos um orçamento diferente, o Governo nunca o quis e foi sempre arrogante e unilateral. Isto que está a acontecer agora é só número político, é número político de ensaio, de artifício, para ensaiar eleições”, afirmou.
O Chega tem uma visão crítica acerca da relação entre o governo e o Partido Socialista (PS). Afirma que o governo tem mostrado uma postura de "arrogância e unilateralismo", preferindo negociar com o PS em vez de procurar acordos com o Chega. Essa postura é vista como uma continuação de uma política de esquerda, semelhante à do PS, o que o Chega considera inaceitável, especialmente em questões como a descida de impostos.
O líder do Chega argumenta que o governo enganou o país ao afirmar que buscava um orçamento de transformação à direita, enquanto na realidade estava a negociar com o PS. Afirmou que governo não está a "atender às necessidades dos cidadãos, como a redução dos preços dos combustíveis e a melhoria das condições de vida, e que isso pode levar a uma crise política e económica".
O Chega crítica a ideia de que o governo está apenas a preparar o terreno para eleições, sem realmente se preocupar com as necessidades do país. A sua posição é clara, reforça recordando que sempre estiveram disponíveis para negociar, mas que o governo optou por não o fazer.
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