“Saúdo a Comissão Europeia pelo acordo alcançado com os países do Mercosul. Trata-se de uma conquista muito importante”, reagiu António Costa, numa publicação na rede social X.

Reagindo ao anúncio de consenso político, que permite a conclusão das negociações do acordo de parceria entre os blocos europeu e latino-americano, o líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da UE assinalou: “Os Estados-membros irão agora avaliá-lo [ao acordo político] e tomar uma decisão”.

Ainda assim, para António Costa, “o comércio é positivo para a Europa”.

“É bom para a competitividade e para o emprego, é bom para o nosso lugar no mundo, é bom para os nossos cidadãos”, adiantou.

A UE e os países do Mercosul chegaram hoje a acordo político para aquele que será o maior acordo comercial e de investimento do mundo, que servirá um mercado de 700 milhões de consumidores, no âmbito do reforço da cooperação geopolítica, económica, de sustentabilidade e de segurança.

Após o acordo político de hoje, o documento será verificado e traduzido, para depois a Comissão Europeia, que detém a competência para negociar a política comercial da UE, apresentar uma proposta ao Conselho e ao Parlamento para assinatura e conclusão.

A decisão cabe, depois, aos países da UE (no Conselho) e aos eurodeputados (na assembleia europeia).

O texto do acordo de associação UE-Mercosul foi finalizado em 2019, após 20 anos de negociações, mas o bloco comunitário tem vindo a pedir mais garantias por parte dos países latino-americanos de que respeitarão o Acordo de Paris e a legislação laboral internacional.

Após esse primeiro aval de 2019 não ter tido seguimento, a UE e Mercosul têm mantido um contacto regular, que nas últimas semanas passou do nível técnico para o político e permitiu hoje concluir as negociações, nomeadamente em questões como os compromissos ambientais (relativamente à Amazónia).

O acordo UE-Mercosul abrange os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.

Na UE, França tem vindo a liderar a oposição a esta parceria com o Mercosul por questões de biodiversidade e clima e também receios comerciais, com estes últimos a serem partilhados por outros países europeus.

A Comissão Europeia quis avançar com o acordo nas últimas semanas, de mãos dadas com a maioria dos países da UE, e em particular a Alemanha e a Espanha, num momento de grande debilidade política para o Presidente francês, Emmanuel Macron, face à crise política que o seu país está a viver, com a queda do Governo do primeiro-ministro, Michel Barnier, na quarta-feira devido a uma moção de censura apoiada pela esquerda e pela extrema-direita.