“Não confundamos ideologias com os partidos políticos que dizem representar essas ideologias”, afirmou o antigo secretário-geral do PS, António José Seguro, vincando: “Não basta batermos no peito para dizer que somos desta ou daquela ideologia. É importante que a prática esteja de acordo com os valores e princípios dessa ideologia e, sobretudo, com os resultados.”
Orador numa conferência sob o título “Da Ideia à ASP [Acção Socialista Portuguesa], da ASP ao PS – Nascimento de um partido na clandestinidade”, promovida pela Associação Tito de Morais (ATM), nas Caldas da Rainha, António José Seguro, lembrou os passos que levaram à criação do partido para questionar se hoje ainda “faz sentido falar de socialismo democrático e da social-democracia”.
Para responder remontou à memória “de uma frase de um cartaz no Largo do Rato [em Lisboa, sede do PS] com a pergunta: Há injustiças na sociedade”, explicando que se a reposta for não esta ideologia não é necessária, mas, se pelo contrário, a resposta for sim, então “precisamos da social-democracia mais do que nunca”.
Tanto mais que, explicou, a social-democracia “persegue hoje os mesmos valores” que levaram à criação do Partido Socialista em 19 de abril de 1973, ou seja, “a construção de uma sociedade justa e fiel a valores como a liberdade, solidariedade, igualdade e equidade”.
Valores que, para Seguro, refletem “a força de uma ideia” que serviu de base ao “sonho” dos fundadores do PS, e da qual “apesar das circunstâncias” o antigo secretário-geral do PS admitiu não se conseguir “desligar”.
A conferência promovida pela Associação Tito de Morais decorreu no Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha, onde foi inaugurada uma exposição documental de parte do espólio do arquivo de Manuel Tito de Morais que conta com mais de 10 mil documentos, seis mil dos quais disponibilizados na Torre do Tombo.
A exposição pode ser visitada até ao final do mês.
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