Ao Banco Alimentar do Porto são vários os pedidos de ajuda que, em virtude da pandemia, chegam diariamente, quer através do correio eletrónico, do telefone ou às próprias instalações, sediadas na zona industrial de Perafita, em Matosinhos.

Quem se desloca a este armazém, semelhante do lado de fora a tantos outros, maioritariamente não sabe que o banco “não apoia diretamente as pessoas, mas sim instituições”, afirma, em declarações à Lusa, Inês Pinto Soares, responsável pela área de apoio social.

Apesar disso, o banco “não fecha as portas a ninguém” e os pedidos de ajuda são reencaminhados para as instituições que prestam assistência e "cobrem os problemas sociais do distrito do Porto".

Neste momento, são mais de 300 as instituições que o banco apoia mensalmente. Em lista de espera estão mais de 100, que vão sendo ajudadas sempre que existem "excedentes de bens alimentares" e de forma rotativa.

“Temos a consciência de que agora, mais do que nunca, o banco não pode fechar”, salientou Inês.

Em 2019, ao banco chegaram diretamente mais de 70 pedidos de ajuda. Em 2020, esse número ultrapassou os 500 e no primeiro trimestre deste ano, contabilizaram-se mais de 100.

“Sempre que há um período de confinamento os pedidos de ajuda disparam”, revela António Seródio, adjunto da direção do Banco Alimentar do Porto.

Do armazém, saem diariamente 20 a 25 toneladas de produtos alimentares, desde frescos e secos, para 30 a 35 instituições do distrito do Porto.

Os dois portões do banco estão quase sempre abertos e, se por um deles, entram novos produtos, pelo outro, os produtos saem já em cabazes para as instituições que, devido ao plano de contingência, aguardam do lado de fora.

Enquanto isso, dentro do armazém - onde estão guardadas 300 toneladas de bens alimentares, tanto em arcas congeladoras, frigoríficos ou paletes “que dão para os próximos três meses” - o rodopio de empilhadores e voluntários é grande.

Há quem pese e marque produtos acabados de chegar. Há quem embale frescos como polpas, pão ou feijão. Há quem organize paletes de salsichas, arroz, massa, leite ou grão-de-bico. Há quem coordene a saída dos cabazes.

Há de tudo um pouco para os voluntários fazerem, ainda que “o valor não esteja na tarefa, mas no tempo que se dedica à causa”, afirma Pedro Azevedo, de 53 anos, voluntário no banco há pouco mais de um ano.

Pedro Azevedo ficou sem trabalho em consequência da pandemia, e decidiu, juntamente com a mulher, Isabel, juntar-se à equipa do Banco Alimentar do Porto.

“Faço-o de forma altruísta, porque na verdade estou a contribuir para ajudar a vida de outra pessoa”, admite.

Ao armazém, Pedro vem uma a duas manhãs por semana e, se começou por ensacar latas de feijão, agora cabe-lhe a missão de acolher os voluntários que cá chegam pela primeira vez.

Antes da pandemia, a equipa de voluntários do banco era composta por 100 pessoas. Agora, são mais de 700 os que arregaçam as mangas diariamente para ajudar as cerca de 60 mil pessoas abrangidas, tanto pelas instituições, como pelo Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas.

Ainda que sem as habituais campanhas nos cerca de 290 super e hipermercados do distrito do Porto, “o banco movimentou, no ano passado, 5.854 toneladas de alimentos e, neste primeiro trimestre do ano, 900 toneladas”, disse António Seródio.

Através da campanha de vales, da campanha de papel por alimentos e de donativos de empresas e de particulares, este banco, à semelhança dos restantes 20 espalhados pelo país, “tem conseguido dar resposta aos pedidos de ajuda”.

Por aqui reside, no entanto, a preocupação de que “a situação se possa agravar, principalmente se os períodos de confinamento se prolongarem e se o processo de vacinação não avançar”.

“Temos de estar preparados para o que aí vem e isso passa por encontrar soluções criativas e mostrar de forma transparente o que precisamos”, confessa Inês.

*Por Sofia Cortez, da agência Lusa 

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