"Os dois últimos evadidos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, Rodolfo José Lohrmann, de 59 anos, e Mark Cameron Roscaleer, de 35, foram, hoje, detidos em Alicante, Espanha, pela Polícia Nacional, depois de um persistente e ininterrupto trabalho de recolha e de troca de informação da Polícia Judiciária (PJ) com as autoridades espanholas", é explicado em comunicado enviado às redações.

Os dois homens encontravam-se em fuga desde 7 de setembro de 2024. "Desde essa altura que a Polícia Judiciária vinha recolhendo informações que permitiram localizar os evadidos no sul de Espanha".

Segundo a PJ, "o cidadão argentino, Rodolf José Lohrmann, tem uma extensa carreira criminal, referenciado pelo envolvimento em criminalidade altamente organizada e especialmente violenta, de âmbito internacional, dos quais se sublinham os crimes de associação criminosa, branqueamento, roubo a banco, detenção de arma proibida, falsificação/contrafação de documentos e furto qualificado. Investigado pela PJ, cumpria uma pena de prisão de 20 anos, com data da primeira reclusão a 16 de novembro de 2016".

"Já o cidadão britânico, Mark Cameron Roscaleer, está referenciado pela prática de criminalidade especialmente violenta, como roubo com arma de fogo e sequestro. Investigado pela PJ, cumpria pena de prisão de 9 anos, com início de reclusão a 10 de maio de 2019", é frisado.

A PJ recorda ainda que "sobre ambos os evadidos recaíam mandados de detenção internacional emitidos pela autoridade judiciária competente, constando de notícia vermelha na Interpol".

A fuga de Vale de Judeus

A fuga de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho da Azambuja, envolveu cinco reclusos, dois deles portugueses, Fábio Loureiro e Fernando Ribeiro Ferreira, os primeiros a serem capturados.

Após a captura de Shergili Farjiani, continuavam em fuga o cidadão da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e o do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, hoje capturados.

Os evadidos foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.

A fuga levou o Ministério da Justiça a avançar com a instauração de nove processos, visando o ex-diretor, o chefe da guarda e sete guardas prisionais, uma decisão que resultou das recomendações do relatório elaborado pelo Serviço de Auditoria e Inspeção (SAI) da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

Numa nota divulgada em outubro do ano passado, o Ministério da Justiça destacou ainda a abertura de dois inquéritos autónomos: Um relativamente ao comissário do estabelecimento prisional, pela "falta de concretização de uma medida de segurança e sobre uma situação de absentismo prolongado", e outro à Direção dos Serviços de Segurança "para avaliar o seu funcionamento e a capacidade de resposta a situações desta natureza".

Foi ainda emitida às entidades competentes certidão para apurar responsabilidades disciplinares em relação a militares da GNR sobre "as condições em que foram cedidas, sem autorização, as imagens de acontecimentos no estabelecimento prisional de Vale de Judeus à Comunicação Social.