Cerca de sete mil pessoas encheram uma praça italiana em Modena em protesto contra as políticas do líder de extrema-direita Matteo Salvini, que está em pré-campanha para as eleições regionais em Emilia-Romagna, um bastião de esquerda, que se disputam a 26 de janeiro.
A música 'Bella Ciao' — com renovada popularidade graças à série espanhola antissistema Casa de Papel — foi o canto de guerra dos milhares que convergiram à Piazza Grande esta segunda-feira, 18 de novembro, como parte de um movimento denominado "Sardinhas".
Este protesto tem lugar depois de um primeiro, em Bolonha, que juntou entre 12 mil a 15 mil pessoas na quinta-feira passada, à noite, debaixo de uma chuva intensa, para contrariar o lançamento da campanha de Lucia Bergonzoni, candidata da Liga, partido de Salvini, que se pretende aliar nestas eleições regionais ao partido de extrema-direita Irmãos de Itália e ao Força Itália de Sílvio Berlusconi.
Escreve o The Guardian que a próxima demonstração está marcada para a cidade costeira de Rimini, na próxima segunda-feira, onde Salvini vai inaugurar a sede regional do Liga.
O líder da Liga quer "libertar Emilia-Romagna da esquerda" nas próximas eleições, afastando do poder o Partido Democrático, de centro-esquerda.
Uma resposta à gabarolice
Conta o jornal britânico que o movimento foi criado por quatro amigos de Bolonha como resposta a declarações de Salvini, que se congratulou por conseguir encher praças nos seus comícios. O líder da Liga lançou a coligação que se apresenta a eleições numa arena de Bolonha com capacidade para 5.700 pessoas. Estes quatro amigos traçaram aí a base de partida.
"O limite já estava definido, então tentámos juntar seis mil pessoas na Piazza Maggiore. No final, entre 12 mil e 15 mil pessoas apareceram", contou Andrea Garreffa, que faz parte do grupo organizador.
"Havia pessoas de todas as idades, apertadas como sardinhas, à chuva. A sua presença foi uma mensagem de oposição ao ódio que a extrema-direita está a tentar trazer para Emilia-Romagna", acrescentou.
"Salvini diz que Emilia-Romagna precisa de ser libertada da esquerda, mas toda a Itália se libertou de poderes obscuros no final na Segunda Guerra Mundial. Nós não precisamos de ser libertados, nós somos pessoas livres e como pessoas livres estamos a unir-nos quando valores básicos como participação e a democracia estão em jogo", concluiu Andrea Garreffa.
E qual foi a resposta de Salvini ao movimento? Desvalorizou: "Para a próxima junto-me a eles na praça".
"Prefiro negócios a sardinhas", acrescentou, numa referência ao público-alvo da sua campanha: os empresários da região.
Emilia-Romagna é uma região industrial e os empresários têm estado contra o plano do governo nacional de impor taxas a embalagens de plástico.
No entanto, o sucesso do movimento Sardinhas em Bolonha e Modena deu mote a iniciativas semelhantes em Florença e Benevento.
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