O presidente da APAH, Xavier Barreto, disse à Lusa que “existe alguma melhoria [dos tempos de espera], ainda que a procura continue a ser muito elevada”, considerando que o regresso dos médicos à realização de horas extraordinárias, levou a que tenham deixado de existir escalas incompletas ou serviços indisponíveis em muitas urgências do país.
Xavier Barreto advertiu que “o balão [do ‘plafond’ das 150 horas extra] - está a esvaziar-se lentamente”.
“Sabemos que vai esvaziar-se algures durante este ano e que quando isso acontecer, vamos voltar a ter problemas”, afirmou, reiterando que é preciso tomar medidas para diminuir o impacto desta situação.
“Certamente, a resposta teria sido muito mais difícil se o protesto dos médicos de recusa às horas extraordinárias, além das 150 anuais obrigatórias, se tivesse prolongado para o mês de janeiro", referiu.
Para Xavier Barreto, deviam ser “tiradas ilações” do que se passou e tomar medidas, nomeadamente “reorganizar a rede de maneira que fosse menos danoso para o doente”.
“Este é um período difícil em Portugal, em que existe alguma dificuldade em estabelecer este tipo de compromissos, em assumir que algumas redes de urgência vão ter que mudar, em alguns casos, alguns serviços vão ter que ser concentrados. Existe alguma dificuldade em fazer essa discussão neste momento, mas estamos em contrarrelógio”, vincou.
Segundo o administrador hospitalar, “a dificuldade continua a ser a de garantir camas de internamento, camas em enfermaria, camas de cuidados intensivos em número suficiente para atender à procura dos doentes que são internados pelo serviço de urgência”.
“Se fosse viável ou possível contratar 4.000 médicos, nós apoiaríamos sem dúvida essa contratação, porque o SNS ficaria muito mais capacitado, e sairia mais barato que estar a pagar horas extra, mas não existem esses 4.000 médicos para serem contratados”, salientou.
No passado fim de semana, as urgências do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, estiveram encerradas durante a noite e madrugada, situação que levou a comissão de utentes do hospital a marcar um protesto para sábado.
A Lusa contactou o hospital para saber as razões do fecho das urgências e um comentário a este protesto, mas não obteve resposta até ao momento.
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