“O Aquarius vai navegar sob bandeira do Panamá e teve de ser oficialmente renomeado como Aquarius 2”, adiantou à Lusa a responsável de imprensa, Mathilde Auvillain.
O navio, operado pelas organizações não-governamentais SOS Mediterranée e Médicos Sem Fronteiras (MSF), está em escala técnica no porto de Marselha desde o dia 20 de agosto, depois de ser notificado pelas autoridades de Gibraltar de que iria deixar de constar do registo naval a partir dessa data.
O Aquarius teve então de dar início a um novo processo de registo, durante o qual foi obrigado a ficar em Marselha, explicou Mathilde Auvillain.
“Esperamos deixar o porto de Marselha após esta escala técnica o mais rapidamente possível, no final desta semana ou no início da próximo”, acrescentou.
Segundo a mesma responsável, o Aquarius vai regressar à chamada zona SAR (salvamento e busca), ao largo da costa líbia, no Mediterrâneo central, considerada “a rota marítima mais mortífera do mundo” e onde mais de 100 pessoas morreram, a 01 de setembro, num naufrágio, segundo testemunhos recolhidos pela MSF.
O Aquarius tem operado nesta área desde fevereiro de 2016, mas encontra entraves crescentes à sua missão.
Em agosto, após o resgate de 141 migrantes viu o desembarque recusado durante vários dias por Itália e Malta.
O impasse foi resolvido quando vários países europeus, incluindo Portugal, aceitaram acolher os migrantes
Portugal já tinha acolhido, a 29 de julho, 30 pessoas do navio 'Lifeline', provenientes de Malta.
Em junho, o Aquarius tinha recuperado 630 migrantes da Líbia, mas Itália e Malta recusaram também o desembarque desses migrantes.
Nessa altura, a odisseia do navio terminou no porto espanhol de Valência e o Aquarius ficou então um mês em escala técnica em Marselha.
Há quase um mês que as missões de resgate civil no Mediterrâneo Central estão suspensas, deixando os migrantes que tentam a travessia abandonados à sua sorte.
Os navios alemães Sea-Watch 3, Lifeline e Seefuchs estão bloqueados em Malta, o Iuventa, da também alemã Jugend Rettet, em Itália (enquanto os seus tripulantes enfrentam uma investigação das autoridades por alegado auxílio à imigração ilegal),o espanhol Open Arms opera atualmente na fronteira sul espanhola, nas águas do Estreito de Gibraltar e do Mar de Alboran e o francês Aquarius está em Marselha.
No final do mês, um novo navio, o espanhol Aita Mari do projeto Maydayterraneo, deve partir em direção ao Mediterrâneo Central para socorrer migrantes ao largo da Líbia.
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