A advogada do ator português referiu, em comunicado, que recebeu em 06 de novembro, por correio eletrónico, uma comunicação do advogado de A.M. Lucas, Michael J. Willemin, a informar que a argumentista e realizadora norte-americana “pretendia que fosse o Nuno Lopes a avançar com uma proposta de quantia monetária”.
“Confirmo que foi apresentada como uma condição para evitar que a ação fosse interposta. Ficou muito claro para todos, que a ação seria tornada pública se o Nuno Lopes não indemnizasse a Sra. Lukas, e que publicidade seria dada à mesma, como foi”, sublinhou Rute Oliveira Serôdio.
Michael J. Willemin referiu hoje, em declarações citadas pela estação CNN Portugal, que "Lukas nunca propôs qualquer quantia monetária para resolver este assunto, e também nunca propôs manter nada confidencial em troca de dinheiro".
"Ela pediu a Lopes que assumisse publicamente a responsabilidade pelo seu comportamento, mas ele recusou-se a fazê-lo", frisou o advogado.
A advogada portuguesa adiantou ainda, no comunicado, que Nuno Lopes recusou negociar, tal como o ator já tinha divulgado.
“Não assume culpa alguma, nem pagará qualquer valor. Prefere defender o seu bom nome e honra, o que fará em Tribunal, ainda que no Tribunal Federal de Nova Iorque com os custos materiais inerentes”, acrescentou Rute Oliveira Serôdio.
A.M. Lukas acusou Nuno Lopes de a ter drogado e violado em 2006, quando se conheceram, no Festival de Tribeca, num processo judicial instaurado na segunda-feira em Nova Iorque.
Na queixa, apresentada na sexta-feira passada, A.M. Lukas conta que no dia 28 de abril de 2006 foi a uma festa de estreia no Festival de Cinema de Tribeca, onde foi apresentada a Nuno Lopes, e que, pouco depois de se conhecerem começou a sentir o corpo “invulgarmente pesado” e começou a “perder a memória”, revelam os advogados da realizadora, em comunicado.
Reportando-se às “poucas e horríveis recordações fragmentadas dessa noite e das primeiras horas da manhã”, A.M. Lukas relatou lembrar-se de Nuno Lopes lhe “segurar as pernas moles” e de a violar, detalhando as várias formas como o fez, enquanto ela entrava e saía de estados de consciência.
Em comunicado, o ator português refutou todas as acusações, afirmando-se moralmente e eticamente incapaz de tais atos, hoje como há 17 anos – quando era estudante de representação em Nova Iorque –, e garantindo que nunca terá “medo de agir judicialmente contra qualquer pessoa” que tente difamar o seu bom nome.
Sobre as acusações, o ator afirma tê-las recebido com “surpresa e choque”, através de uma carta dos advogados de A.M. Lukas, em que lhe era pedido que “propusesse uma quantia monetária para este caso acabar, e um pedido de desculpas”, o que Nuno Lopes rejeitou.
Nuno Lopes começou o comunicado por esclarecer que apesar de sempre ter prezado a sua vida pessoal, mantendo a sua privacidade protegida, neste caso teve a “maior vontade de vir a público esclarecer e contar a verdade sobre esta história”, o que só não fez por ter sido instruído pelos seus advogados americanos a “abster[-se] de revelar todos e quaisquer detalhes sobre o processo”.
Com este processo judicial, interposto no Tribunal de Nova Iorque na segunda-feira, 17 anos após o sucedido, a realizadora norte-americana pretende responsabilizar o ator português pelos seus atos e chamar a atenção de vítimas de alegados crimes sexuais para o fim do prazo de um enquadramento legislativo especial, intitulado ‘The Adult Survivors Act’, para apresentarem queixa.
O prazo para interpor um processo ao abrigo da chamada Lei dos Sobreviventes Adultos de Nova Iorque (em tradução livre) termina na quinta-feira.
Segundo os advogados de A.M. Lukas, a guionista sofreu “graves traumas psicológicos e emocionais”, que “tem de suportar até hoje”.
A.M. Lukas afirmou, por sua vez, que foi dada ao ator português “a oportunidade de assumir a responsabilidade pelos seus atos: de reconhecer o que fez, de responder por isso e de pedir desculpa”.
“Recusou-se imediatamente a fazê-lo e comunicou de forma inequívoca que nunca reconheceria qualquer ato ilícito. Não podemos aceitar um mundo em que os autores de comportamentos hediondos e desumanos possam viver as suas vidas às claras, com impunidade e sem consequências sociais, enquanto as suas vítimas sofrem em silêncio”, acrescentou, sublinhando que não obstante quaisquer tentativas de humilhação e desacreditação que possam ser levadas a cabo pela defesa de Nuno Lopes, não se deixará “dissuadir de fazer justiça”.
Também o ator afirma a mesma intenção de que se faça justiça, porque está de “consciência absolutamente tranquila”, embora “ciente das consequências gravíssimas que este caso representa” e de como a sua “decisão de recusar um acordo confidencial e avançar publicamente para tribunal aporta consequências” para a sua “reputação quer pessoal quer profissional”.
“Não obstante, quero deixar bem claro que refuto todas as acusações que me são feitas, que espero que este caso seja prontamente esclarecido e julgado justamente pelas autoridades competentes e que nunca terei medo de agir judicialmente contra qualquer pessoa que tente difamar o meu bom nome”, concluiu o ator.
Comentários