Dina Seco é utente da linha desde 2012 e, em abril, passou a ter um passe combinado de 98 euros, em vez dos anteriores 138 euros, após o desconto de 30% nos passes do transporte inter-regional anunciado pela Comunidade Intermunicipal do Oeste.
Por comparação com o passe de 40 euros da Área Metropolitana de Lisboa (AML), “ainda é bastante caro”, defende a utente, que se desloca todos os dias para trabalhar e estudar na capital.
“Tenho colegas que moram muito mais longe de Lisboa do que eu, como Sesimbra, Palmela, Montijo ou Ericeira [Mafra] e só pagam os 40 euros”, lembra Dina Seco.
Para a utente, estão a ser criadas desigualdades nos benefícios dos transportes quando os habitantes de Arruda “pagam os mesmos impostos do que os da AML”.
Pedro Marques, que também sai de Arruda para ir trabalhar em Lisboa, passou a deixar o carro em casa e a deslocar-se em transportes públicos, desde abril.
Contudo, pondera voltar ao transporte individual porque “a despesa é mais ou menos a mesma e a oferta de horários é pouca”.
“Compensaria [ir de transportes] se fosse o passe metropolitano de 40 euros”, acrescenta.
Para Pedro Marques, os utentes de Arruda dos Vinhos, concelho que integra a Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim), “estão a ser completamente discriminados” por comparação com os de Cascais, Sintra ou Vila Franca de Xira que, apesar de pertencerem à AML, demoram o mesmo ou mais tempo a chegar à capital.
A mesma opinião é partilhada por Graça Roma, cujo passe simples baixou de 110 para 77 euros, ainda assim “quase o dobro” do que se paga na AML.
“Não entendo. Parece que as pessoas de Arruda são todas ricas e os outros não”, diz por seu turno Márcio Gonçalves, para quem “não há aqui igualdade nenhuma e antes uma diferenciação” no preço dos novos passes.
“Solidário” com os utentes, o presidente da câmara municipal, André Rijo, recorda que aquele concelho está a mais de 20 minutos de distância de Vila Franca de Xira, Mafra ou Loures, concelhos da AML com os quais todas as freguesias de Arruda fazem fronteira.
Por isso, explica, os utentes não têm interceção com carreiras oriundas desses concelhos, como acontece noutras zonas de fronteiras entre regiões diferentes, e “têm irremediavelmente de pagar 30% a menos”.
Para o autarca, o financiamento de 1,3 milhões de euros atribuído ao Oeste no Programa de Apoio à Redução Tarifária “é insuficiente” e, como a região “tem uma relação próxima com Lisboa, há movimentos pendulares que não foram acautelados”.
“Estamos muito aquém do necessário para ter um tratamento igual e vamos lutar” salienta.
Pelo custo dos passes e pela escassez de horários, em Arruda ainda “não há o apelo para deixar o carro em casa e ir de transportes públicos”, refere.
A OesteCim e a AML estão a “tentar negociar um passe inter-regional combinado” para minimizar assimetrias no preço dos passes.
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