“Não somos pessoas de desistir”, disse à agência Lusa Luís Dias, da empresa Trilhos do Zêzere, que promoveu o programa pelo terceiro ano consecutivo, junto à praia fluvial de Mosteiro, naquele concelho do distrito de Leiria.
Para já, nestes três anos, “há um objetivo cumprido”, que consistia em “promover uma atividade tradicional que estava praticamente extinta”, afirmou Luís Dias, realçando que as diferentes provas e categorias contabilizaram desde sábado um total de 171 carros, embora apenas 139 com as características exigidas para bater o recorde de 2014 (de 152 carrinhos) e inscrever o evento no Guinness.
Luís Dias salientou que a iniciativa, que deveria ser hoje reforçada como a “maior concentração” de carros de rolamentos do mundo, envolveu participantes de vários pontos do país, do Minho ao Algarve, e um grupo da Galiza (Espanha), que tiveram também a aventura e o convívio entre as principais motivações. Sem desvalorizar a importância dos prémios em disputa, realça que estes encontros proporcionam sobretudo “troca de experiências entre participantes de todo o país, que fazem amizades” com uma atividade ecológica. “Espero que as pessoas saiam daqui satisfeitas e que tenham trazido mais um amigo para esta atividade” de cariz turístico, refere.
O organizador disse que o presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, manifestou na tarde de hoje, durante a entrega dos prémios, o empenho da autarquia para “que esta atividade não saia do concelho" e volte a realizar-se no próximo ano.
Desgastar alcatrão, passear e conviver: os motivos de quem vem
Na Galiza (Espanha), Ruben Iglésias teve conhecimento da iniciativa através das redes sociais. “Decidimos vir passar aqui o fim de semana”, afirma à Lusa, enquanto, com amigos, apresta as pequenas viaturas sofisticadas que o grupo – o San Mateo Racing – levou a Pedrógão Grande. Não sendo carrinhos de rolamentos, não puderam integrar a concentração a contar para o livro britânico de recordes.
Mas o programa incluiu uma prova para este tipo de concorrentes, cujos veículos podem ter rodas de borracha, ferro ou outros materiais. “Com estes carros, não temos concorrência”, graceja Ruben Iglésias, cuja equipa de aventuras participa regularmente em encontros idênticos na Galiza, Astúrias, Cantábria e País Basco, entre outras regiões de Espanha.
Desta vez, veio “com amigas para conhecer novos sítios” do Centro de Portugal, declara, ao descrever os bólides galegos, os quais, como todos os presentes, só andam por força da gravidade, chegando a atingir velocidades de 70 a 80 quilómetros por hora. Os restantes dois carros do San Mateo Racing, homologados na Galiza pelas competentes autoridades locais, são pilotados pelos companheiros Samuel e Maikel.
Helder Rodrigues, de 41 anos, trabalha como eletricista e canalizador em Monte Redondo, concelho e distrito de Leiria. Ele próprio construiu o seu carrinho: “Vou a todas, mas esta é uma festa especial”, salienta.
“Desgasta Alcatrão” é o grupo de Humberto Dias, que veio com a filha Lúcia e outros amigos de Ourém e Torres Novas. Lúcia Dias explica que em Torres Novas, no distrito de Santarém, quase não existem estradas com declive acentuado, ao contrário de Pedrógão Grande. A principal preocupação da jovem “é não cair” nas provas. “O melhor prémio é o convívio e a distração”, destaca o pai, um manobrador de máquinas, de 43 anos, que também produziu o seu carrinho e o da filha. Lúcia, de 15 anos, “deixou a competição em natação” para se dedicar às provas com carros de rolamentos, conclui Humberto Dias.
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