A lista de vocábulos candidatos à escolha pelos cibernautas é constituída por “assédio”, “enfermeiro”, “especulação”, “extremismo”, “paiol”, “populismo”, “privacidade”, “professor”, “sexismo” e “toupeira”.
“A Palavra do Ano” de 2018 será conhecida “nas primeiras semanas de janeiro”, segundo a mesma fonte.
A iniciativa “A Palavra do Ano” completa este ano uma década. A primeira vez que se realizou foi em 2009, tendo um grupo de linguistas desta editora, escolhido “esmiuçar”.
A partir de 2010, a iniciativa “democratizou-se” e passou a ser divulgada pela Porto Editora (PE) uma lista de dez palavras, das quais uma é a selecionada pelos cibernautas.
“Assédio” abre a lista das candidatas deste ano, uma escolha justificada pela PE pelos “movimentos como ‘Me Too’, que colocaram o tema do assédio sexual na agenda, com vários casos envolvendo figuras públicas”.
O segundo termo a concurso é “enfermeiro”, escolhido pelos vários movimentos de protesto desta classe, ao longo deste ano. “Os enfermeiros reclamam aumentos salariais, uma progressão mais rápida na carreira e a contratação de mais profissionais", recorda a PE.
“Especulação” é o terceiro termo da lista, relacionando-se com “a especulação imobiliária, que atingiu níveis alarmantes nas grandes cidades e gerou um grande debate, nomeadamente sobre a polémica ‘taxa Robles’”, afirma a mesma fonte, referindo a proposta do ex-vereador do Bloco de Esquerda em Lisboa, Ricardo Robles, que visava controlar a especulação imobiliária.
“São cada vez mais frequentes as manifestações de intolerância e radicalismo, nomeadamente no espaço europeu, o que justifica uma crescente preocupação”, e daí “extremismo” fazer parte da lista de candidatas.
“Paiol” é outro termo a concurso, uma escolha justificada pelo “caso do desaparecimento das armas do paiol de Tancos [no Ribatejo] que conheceu desenvolvimentos surpreendentes ao longo do ano, estando ainda por esclarecer completamente”.
Outra escolha possível é “populismo”, que faz parte da lista pelo facto de “o discurso marcadamente populista ter tomado de assalto o debate público um pouco por todo o mundo, alimentando o surgimento de movimentos e líderes políticos que já conquistaram o poder em vários países”.
A entrada em vigor, em maio passado, do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), “com uma série de novas medidas para defesa da privacidade dos cidadãos, na relação com empresas e instituições públicas ou privadas”, justifica a escolha para votação da palavra “privacidade”.
“Professor” é outro termo sujeito à eleição d’”A Palavra do Ano”. “Os professores continuam a lutar pela contabilização da totalidade do tempo de serviço prestado durante o congelamento de carreiras”, afirma a PE.
“Sexismo” é outro termo que vai a votos. “Esta forma de discriminação de pessoas ou grupos com base no seu sexo tem vindo a ser crescentemente denunciada, com vários casos mediáticos a alimentarem a discussão pública e a condenação social”, justifica a editora.
Finalmente, “toupeira”, que se relaciona diretamente com o mundo futebolístico. “A suspeita de que um clube de futebol nacional dispunha de uma rede de informadores no interior do sistema de justiça pôs em marcha a chamada ‘Operação e-toupeira’", afirma a editora, referindo-se às suspeitas que pairam sobre Sport Lisboa e Benfica.
No ano passado, "A Palavra do Ano" escolhida foi “incêndios”, tendo participado na votação 30.000 internautas.
“Incêndios” alcançou 37% dos votos, impondo-se às restantes nove candidatas. O vocábulo “incêndios” foi escolhido devido aos “sucessivos incêndios" que se fizeram sentir durante o ano passado em todo o país.
O ano de 2017 "foi um dos mais trágicos de sempre, pela enorme quantidade de vítimas e pela dimensão da área atingida”, justificou a Porto Editora, quando apresentou a lista de palavras candidatas.
No 2.º lugar, com 20% dos votos, ficou o vocábulo “afeto” e, no 3.º, “floresta”, com 14% das escolhas.
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