“Há muita juventude que é extremamente permeável aos discursos extremistas. Somos todos responsáveis. Quando vejo alguém com 18, 19 e 20 anos com um discurso assente em falsidades e ideias simplistas da realidade, chego à conclusão que a nossa escola falhou na dimensão do civismo”, disse Francisco Assis.
Perante centenas de jovens que hoje de manhã participaram no Dia Nacional da Democracia, um evento organizado pela Câmara Municipal do Porto em parceria com a Academia SEDES, no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, Francisco Assis considerou que “a democracia portuguesa teve sucesso em quase tudo”, mas “do ponto de vista da formação cívica perdeu-se uma batalha”.
“O país não tem nada a ver com o que era há 50 anos. E teve também sucesso no plano educativo do ponto de vista das qualificações das pessoas. Temos hoje níveis qualificativos que nos colocam acima da média europeia nas gerações mais novas (…). Todos os regimes têm de se defender. O regime democrático também tem de se defender. A educação democrática existe. Não nascemos democratas, também nos fazemos democratas. Não há melhor regime do que este, mas este regime também tem de ser defendido”, referiu.
Já à margem da sessão, em declarações aos jornalistas, Francisco Assis procurou esclarecer que não culpa os professores nesta matéria que é, disse, “uma questão política”.
“A escola pública falhou claramente (…). A culpa não é das professoras e dos professores. As responsabilidades são políticas”, sublinhou.
O socialista contou que esteve recentemente em muitas escolas, durante a ultima campanha eleitoral, tendo notado “um claro desapego de uma parte significativa da população jovem em relação aos princípios democráticos”.
“Falhar não é um fatalismo. Falhou mas pode ultrapassar essa dificuldade e esse é um grande desafio para o futuro”, concluiu.
A “aula sobre a democracia” que decorreu num auditório do Pavilhão Rosa Mota e que precedeu um ‘quizz’ sobre política e um debate com juventudes partidária, também foi conduzida pelo presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira que aproveitou para fazer um apelo à tolerância.
“A democracia só subsiste através da tolerância. Se formos intolerantes com os outros, mesmo para com aqueles que têm ideias muito diferentes das nossas, são eles que vão deixar de ser democratas. As democracias morrem quando as pessoas que têm diferentes são excluídas. Sejam tolerantes”, disse Rui Moreira.
O autarca, que ao longo das suas intervenções falou também de temas como as alterações climáticas, a inteligência artificial, e contou que fez 18 anos pouco depois do 25 de Abril, também pediu: “Não achem que a política é uma coisa má”.
O Dia Nacional da Democracia é um projeto que visa a promoção da democracia junto dos jovens, a transmissão de conhecimentos sobre política de forma plural e o incentivo à participação democrática.
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