Denominado “Nazaré, Onda de Natal” o programa deveria aliar a animação de Natal às comemorações dos 10 anos da onda gigante surfada por Garrett McNamara em 2011, mas a Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACISN) “foi desaconselhada pelo delegado de saúde a realizar as atividades para evitar a concentração de pessoas e aumentar o risco de contágio [de covid-19]”, disse à agência Lusa o presidente da direção, Ricardo Gomes.
O cancelamento do programa foi anunciado num comunicado, em que a direção informa que o Delegado da Autoridade de Saúde de Âmbito Local da Nazaré deu parecer negativo a grande parte das atividades, alegando que o concelho tem “uma transmissão comunitária do vírus SARS-CoV-2 a um nível muito elevado”, apresentando uma taxa de incidência “de aproximadamente 2,5 vezes a média nacional".
Citado no comunicado, o delegado de saúde desaconselhou “fortemente todo e qualquer evento que leve a uma concentração populacional facilitadora da transmissão do vírus, particularmente ocorrendo em espaços fechados”.
Sublinhou ainda que, no caso de eventos que favoreçam a interação individual, como os associados à animação musical, “o risco acrescido é um facto, mesmo em espaços abertos ou ao ar livre”.
Na sequência do parecer, a direção da ACISN optou por cancelar o evento, organizado em parceria com as três juntas de freguesia com atividades programadas.
A associação está agora “a reprogramar e a criar iniciativas de apoio ao comércio local”, explicou Ricardo Gomes, nomeadamente “levar um Pai Natal às escolas e manter os concursos de montras e de fotografia”, este último servindo também para “organizar mais tarde uma exposição de todos os trabalhos”.
O cancelamento “representa uma quebra nas receitas da associação, que não poderá manter em funcionamento o comboio turístico, que funciona normalmente com bilhetes”, estando a ACISN a “estudar uma alternativa para que o mesmo possa continuar a ser rentabilizado”.
O comboio, a formação e o serviço de implementação do sistema de controlo da segurança alimentar (HACCP) que presta aos associados são, a par com a quotização, as principais fontes de rendimento da associação com mais de 400 associados.
Apesar de “alguma apreensão” pela nova fase de restrições, Ricardo Gomes acredita que o tecido empresarial da Nazaré tem “capacidade de adaptação, resiliência e criatividade para atravessar mais este período difícil”.
Os empresários locais responderam à pandemia “com flexibilidade de ajustar horários durante a semana, para colmatar as restrições ao fim de semana”, adaptando-se às novas regras e “recorrendo aos apoios da autarquia”, que isentou os comerciantes do pagamento de taxas de publicidade e ocupação da via pública.
“Nesta nova fase acredito que voltarão a ter essa capacidade de adaptação ao novo normal e que serão capazes de resistir ao impacto”, disse o presidente da associação, que pretende também avançar com a criação de uma plataforma interna de comércio digital e criar novos apoios para os associados.
Na sexta-feira, a Câmara da Nazaré tinha já anunciado o cancelamento dos festejos de rua para a Passagem de Ano 2021-2022, face ao evoluir da pandemia.
A covid-19 provocou pelo menos 5.223.072 mortes em todo o mundo, entre mais de 262,93 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.471 pessoas e foram contabilizados 1.154.817 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, foi recentemente detetada na África do Sul, tendo sido identificados, até ao momento, 19 casos em Portugal.
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