A apresentação realizou-se no núcleo de Lisboa da AJA, que edita a coletânea, durante uma conferência de imprensa para anúncio das próximas iniciativas da associação constituída após a morte de José Afonso, para divulgação da sua obra.

Perto de 120 entrevistas concedidas por José Afonso a diferentes órgãos de comunicação social estão reunidas neste livro, que se revela “importante para conhecer as canções e o pensamento político e cívico do cantor”, assim como “para se saber um pouco do que está por trás das canções, da pessoa, do seu mundo, da forma de ver o mundo, da sua própria vida e das experiências que teve”, disse à agência Lusa Guadalupe Portelinha, no final da sessão.

“Acho que é um trabalho interessante. Levou dois anos a fazer mas resultou bem, embora já saibamos que há outras entrevistas que não estão aqui contidas”, acrescentou a organizadora da obra.

“Quem sabe se faremos uma segunda edição, porque estão a aparecer pessoas a dar conta de outras entrevistas que não estão contidas nesta edição”, embora já reúna a maioria dessas peças jornalísticas, admitiu Guadalupe Portelinha.

Para a responsável pela coletânea, trata-se de uma obra de “referência em relação ao pensamento político, cívico e pessoal de José Afonso, que ele transmitiu nas suas músicas, nas suas canções”.

Entre as ações que a AJA vai continuar a desenvolver até ao final deste ano, conta-se a realização de mais um concerto no Liceu Camões, em setembro, e outro, em novembro, no Fórum Lisboa, que é o concerto anual em que a associação festeja o seu aniversário.

Um concerto organizado em parceria com a Câmara de Grândola, “Como se fora seu filho”, a apresentação de "Semeador de palavras - entrevistas a José Afonso", na vila, e um encontro sobre canção de protesto, também em Grândola, no próximo dia 21, serão outras das atividades a desenvolver pela AJA, assim como um ciclo de tertúlias que, em outubro, irá terminar este ciclo.

Ainda em outubro, Setúbal acolherá um congresso internacional dedicado a José Afonso, iniciativa da AJA em parceria com a autarquia local, avançou Guadalupe Portelinha à Lusa.

Entre as iniciativas da AJA está também o alargamento do projeto "Canto Moço", levado nos dois últimos anos a 13 escolas da zona de Setúbal. O projeto tem por objetivo dar a conhecer os direitos humanos através das canções de José Afonso, em diferentes graus de ensino, e inclui formação de professores.

No âmbito desta iniciativa, a associação vai oferecer o projeto a centros de formação de professores numa tentativa de alargar a divulgação sobre a importância da obra e da vida de José Afonso a outras regiões portugueses, disse Guadalupe Portelinha.

Cinco exposições patentes em vários locais, conferências, palestras e atuações do presidente da direção da AJA, Francisco Fanhais, em várias escolas portuguesas, são outras das atividades que a associação vai continuar a desenvolver, observou.

Guadalupe Portelinha destacou à agência Lusa a adesão de "muitos elementos jovens" à AJA, o que “significa que José Afonso está bem vivo na memória dos portugueses”, concluiu.

A AJA foi fundada por amigos mais e menos próximos, que conheceram e conviveram com José Afonso, e tem vários núcleos em atividade em Portugal e na Galiza, em Espanha.