“Em primeiro lugar é preciso saber qual é a política que vai seguir nesta área e depois se vai reconhecer as associações profissionais de militares, como prevê a lei, envolvendo-as nas matérias remuneratórias, de trabalho e apoio social e carreiras”, defendeu Mário Ramos.
Contactado pela Lusa, o presidente da ANS sublinhou em seguida que “relativamente às investigações que estão em cima da mesa”, João Gomes Cravinho deve “demonstrar inequivocamente, perante a sociedade e as Forças Armadas” que se empenhará em “levar tudo até ao fim, até às últimas consequências”.
Para além do caso do furto de Tancos, o militar recordou outras investigações que envolvem as Forças Armadas: o julgamento pela morte de dois recrutas no curso de Comandos e o processo de corrupção nas messes da Força Aérea.
“O que aos portugueses interessa saber é a verdade. Não podemos continuar a permitir que se mantenha um manto de suspeição sobre toda a instituição militar”, defendeu.
No mesmo sentido, o anterior presidente da ANS, membro da direção da Organização Europeia das Associações Militares (Euromil), defendeu que “o mais importante é saber qual é a política” para a Defesa Nacional e, no que respeita aos casos em investigação, “saber se vai levar as investigações em curso até ao fundo, doa a quem doer, sejam militares sejam políticos”.
O antigo secretário de Estado da Cooperação e também da Defesa João Gomes Cravinho foi o nome escolhido pelo primeiro-ministro para substituir, na pasta da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, que se demitiu na sexta-feira, alegando querer evitar que as Forças Armadas sejam “desgastadas pelo ataque político” e pelas “acusações” de que disse estar a ser alvo por causa do processo de Tancos.
Doutorado em Ciência Política pela Universidade de Oxford, e com mestrado e licenciatura pela London School of Economics, João Gomes Cravinho é atualmente embaixador da União Europeia no Brasil, desde agosto de 2015, tendo desempenhado o mesmo cargo na Índia entre 2011 e 2015.
Entre março de 2005 e junho de 2011, João Gomes Cravinho foi secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação e também da Defesa, nos XVII e XVIII governos constitucionais liderados por José Sócrates.
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