No final de uma reunião dos chefes de diplomacia da UE, na qual foi feito “um exame dos acontecimentos relacionados com o ataque perpetrado com armas químicas, o primeiro que ocorre na Europa depois do fim da II Guerra Mundial, e de que foram vítimas um antigo membro dos serviços de informações russo, que vive no Reino Unido, e a respetiva filha”, Augusto Santos Silva resumiu o teor da declaração conjunta dos 28, que considerou significativa.
“Produzimos e publicámos uma declaração conjunta na qual exprimimos a nossa profunda solidariedade com o Reino Unido e na qual dizemos que levamos extremamente a sério as informações que nos são prestadas pelo Governo do Reino Unido, segundo as quais é altamente provável que haja responsabilidade russa nesse ataque”, apontou.
Para o chefe de diplomacia portuguesa, “esta manifestação de solidariedade com o Reino Unido e os termos em que ela é feita já são por si só a prova de que não se trata apenas de uma relação bilateral entre o Reino Unido e a Rússia, é uma questão que envolve toda a União Europeia”.
Antes do encontro de hoje dos ministros dos Negócios Estrangeiros, o chefe da diplomacia alemã, Heiko Mass, havia comentando que a Rússia é “um parceiro difícil”, mas considerou que o caso do envenenamento do antigo espião russo em solo britânico era um assunto “bilateral”.
“Insisto que é a primeira vez desde o fim da II Guerra Mundial que é realizado um ataque com armas químicas em solo europeu”, reforçou Augusto Santos Silva.
Sobre a reeleição, no domingo, de Vladimir Putin, como Presidente, o ministro português disse encará-la “sem surpresa nenhuma”, e recordou aquela que tem sido a posição do Governo português e da UE relativamente às relações com Moscovo, que é para continuar a ser seguida.
“Portugal, como a generalidade dos países da UE e a UE como tal, defende um relacionamento com a Federação Russa assente em duas vias fundamentais e complementares entre si: a firmeza na defesa dos nossos interesses e da nossa segurança enquanto europeus, de um lado, e, do outro lado, um diálogo político permanente, regular e tão construtivo quando possível com a Federação Russa, designadamente nas áreas onde há interesses convergentes, designadamente na defesa de ambas contra o terrorismo”, disse.
Os chefes de diplomacia da União Europeia condenaram hoje “veementemente” o envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e da sua filha, Yulia, e admitiram considerar altamente provável o envolvimento da Rússia, como defende o governo britânico.
Em comunicado, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28, reunidos em Bruxelas, consideraram que “a vida de muitos cidadãos foi ameaçada por este ato impiedoso e ilegal”, e assumiram levar “extremamente a sério” a avaliação do Governo do Reino Unido de que é “altamente provável” que a Rússia seja responsável pelo envenenamento dos Skripal.
“A UE está chocada com o uso de um agente nervoso, desenvolvido pela Rússia, em solo europeu pela primeira vez nos últimos 70 anos. O uso de armas químicas por quem quer que seja, em qualquer circunstância, é completamente inaceitável e constitui uma ameaça de segurança para todos nós”, pode ler-se na declaração conjunta.
Os chefes de diplomacia comunitários lembraram ainda que o uso de armas químicas representa uma “violação clara” da Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenamento e Utilização das Armas Químicas e sobre a sua Destruição, e da lei internacional.
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