“Apesar da existência, apesar da colaboração da indústria farmacêutica nesta componente de despesa pública, depois de tudo isso, os medicamentos foram de longe a maior prioridade de aplicação de recursos financeiros no Serviço Nacional de Saúde [SNS]”, disse o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, no congresso da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) “Compromisso com as Pessoas. Mais e Melhor Vida”, que está a decorrer em Lisboa.
Segundo Francisco Ramos, o Orçamento do Estado para 2019, em discussão na Assembleia da República, “reforçará certamente” essa vertente do SNS.
A Apifarma divulgou hoje um estudo que revela que os medicamento inovadores evitaram 110 mil mortes em Portugal, entre 1990 e 2015, e adicionaram dois milhões de anos de vida saudável.
Este estudo “traz evidência para cima da mesa sobre o real valor da tecnologia” e o esforço exigido da sociedade”, disse Francisco Ramos, defendendo que, “no período em que a inovação terapêutica atravessa desenvolvimentos sem precedentes e onde os novos medicamentos constituem um desafio à sustentabilidade dos sistemas de saúde, importa desenvolver novos modelos e soluções”.
Para o governante, é preciso garantir o “permanente equilíbrio” entre a busca de ganhos em saúde e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.
“Olhar apenas para um lado não deu e não dará bom resultado. Há, portanto, de ir à procura de equilíbrio entre inovação, melhoria da qualidade de vida e sustentabilidade dos sistemas de saúde que nos permitem que estas inovações não fiquem ou na gaveta ou reservadas a um grupo muito restrito de pessoas, mas que estejam disponíveis para todos os cidadãos que delas carecem”, sustentou.
Defendeu ainda que a indústria farmacêutica tem de saber adaptar o investimento associado à inovação e promover “o que proporciona realmente valor”, dando prioridade a escolhas com base na evidência sobre o real valor de cada nova tecnologia e no esforço exigido a “uma sociedade com recursos limitados”.
Segundo Francisco Ramos, tem sido possível, em Portugal, introduzir gradualmente alternativas inovadoras aos tratamentos disponíveis.
“Em 2016 foram aprovados 51 medicamentos inovadores e em 2017 foi possível aprovar o financiamento de 60 novos medicamentos, triplicando o volume de aprovações dos últimos cinco anos. Em 2018, o ritmo de aprovações mantém-se”, fundamentou.
O secretário de Estado salientou que “a indústria farmacêutica potencia investimento nacional e estrangeiro, incentiva a investigação em colaboração com as estruturas académicas e científicas, e fomenta a inovação e a melhoria contínua do tecido empresarial, o que se repercute também ao nível económico-social”.
Por essa razão, defendeu, deve ser reforçada uma política de internacionalização que promova a capacidade, o potencial técnico-científico e a competitividade da indústria farmacêutica produtora nacional.
“O Ministério da Saúde reconhece o contributo e a responsabilidade da indústria farmacêutica na promoção da saúde pública em Portugal, que, no futuro, esperamos reforçar”, concluiu.
O presidente da Apifarma, João Almeida Lopes, salientou, por seu turno, o retorno do investimento em medicamentos, sublinhando os “valores impressionantes” revelados no estudo “O valor dos medicamentos em Portugal”.
Os resultados mostram o impacto dos medicamentos em termos económicos e em termos da qualidade e da esperança de vida das pessoas e o “peso importante” da indústria farmacêutica, que representa 2,3% do PIB, disse João Almeida Lopes aos jornalistas, à margem do congresso.
[Notícia corrigida às 16:29 — retifica o nome do secretário de Estado da Saúde, que é Francisco Ramos e não Fernando Ramos, como se lia numa versão anterior deste texto]
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