“Estou destroçada, todo o país está”. - "Ela era uma monarca, mas para nós sempre foi uma mãe, símbolo de estabilidade”. - “Era um ícone que esteve sempre lá, toda a minha vida”. -"Parece que todos nós perdemos um membro da família". Estas foram algumas das reações recolhidas pela BBC, esta manhã, quando a cidade de Sidney acordou com a notícia da morte da rainha Isabel II.
Apesar da distância, e a muito pouca, quase nenhuma, interferência nos assuntos internos do Estado, a rainha Isabel II era muito querida pelo povo australiano. Terá sido esse carinho que manteve a Austrália sob sua governação durante tanto tempo e ter resistido ao referendo de 1999, quando o povo australiano preferiu manter-se súbito da coroa de Inglaterra a republicano.
O resultado foi surpreendente. Muitos acreditam que o carinho que tinham pela rainha foi preponderante para a decisão. Por outro lado, e no sentido prático que caracteriza o povo australiano, não lhes fazia grande diferença já que a rainha interferia muito pouco na sociedade australiana.
É de conhecimento geral que os australianos escolheram a monarquia em vez da república no referendo de 1999. Contudo, é também de conhecimento geral que os australianos não simpatizam muito com o agora rei Carlos III.
Durante uma visita dos Duques da Cornualha, em 2015, foi feita uma Sondagem pelo Movimento Republicano Australiano, que perguntava: "Quando o príncipe Carlos se tornar rei da Austrália, você apoiará ou se oporá a substituir o monarca britânico por um cidadão australiano como chefe de Estado da Austrália?" A resposta demonstrou que 51 por cento prefeririam um chefe de Estado australiano ao "Rei Carlos", quando chegasse a hora de substituir a rainha Isabel II. Apenas 27% se opuseram.
A morte da rainha volta a levantar a questão sobre qual o papel da monarquia britânica na Austrália.
Atualmente, o agora rei Carlos III é representado pelo Governador-geral, em Camberra. O Governador-Geral é nomeado pela rainha ou rei, seguindo o conselho do governo australiano. O actual representante da coroa é David Hurley.
Como o rei, o governador-geral não está envolvido no dia-a-dia do governo. "Eles não têm poder executivo, ao passo que é o chefe do governo que tem o poder executivo. Então, há uma divisão entre o simbólico Chefe de Estado que representa a unidade do país, e o chefe do governo que está aberto à concorrência", disse Judith Brett, especialista em ciência-política, à SBS, "mas "tem responsabilidades importantes".
Sempre que uma lei é aprovada pelo Parlamento, ou há uma eleição, precisa da aprovação final do representante do rei. Contudo, as responsabilidades vão diminuindo.
Os laços começaram a ser cortados com o "Australia Act" de 1986, quando eliminaram a possibilidade do Reino Unido legislar com efeito na Austrália, eliminaram o envolvimento direto do Reino Unido no governo australiano (com a exceção referida anteriormente), e cortaram o recurso de qualquer tribunal australiano a um tribunal britânico.
Este ato rompeu formalmente todos os laços legais entre a Austrália e o Reino Unido. No entanto, como a lei formal (e simbólica) real não foi alterada, Carlos é automaticamente rei da Austrália, não sendo necessária qualquer formalidade a nível local, para além das cerimónias que levará o Governador-geral ao parlamento australiano ler a proclamação do novo rei.
(notícia atualizada às 22h30)
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