O ministro dos Transportes e Infraestruturas austríaco, Norbert Hofer, confirmou, em conferência de imprensa, a proposta de adiamento, referindo que a maioria dos países é favorável a acabar com a mudança da hora duas vezes por ano, mas que existe também "um amplo apoio" para adiar o prazo para a adoção da medida.
Esta é a principal conclusão do primeiro debate político na União Europeia sobre a possibilidade de estabelecer um horário único durante todo o ano, realizado hoje durante uma reunião informal que antecede o Conselho de Ministros dos Transportes, agendado para terça-feira na cidade austríaca de Graz.
Cerca de 84% dos 4,6 milhões de europeus que participaram numa sondagem sobre o assunto manifestaram-se contra ter que mudar de hora no verão e no outono, resultado que levou Bruxelas a elaborar uma proposta para adotar o horário permanente em 2019.
Na mesma conferência de imprensa, a comissária dos Transportes europeia, Violeta Bulc, manifestou a expectativa de que seja possível avançar "com o ambicioso plano" de abolir a mudança horária, mas ressalvou que apenas em dezembro haverá uma resposta definitiva.
"Temos de ter em conta agora a possibilidade de que seja necessário mais tempo. Para poder tomar esta importante decisão são necessários estudos e inquéritos, que requerem tempo. Não há dúvida de que estamos dispostos a dar tempo aos países membros", disse.
A comissária aludia desta forma a proposta de alguns países de adiamento do calendário de entrada em vigor da mudança, sobretudo porque alguns setores, como o tráfico aéreo ou o dos sistemas informáticos, advertiram que é preciso mais tempo para preparar a adaptação técnica à nova situação.
É neste contexto que surge a sugestão da presidência austríaca.
Do encontro saiu também a proposta de que a Comissão Europeia nomeie um coordenador para harmonizar o máximo possível a solução.
"Não propomos que toda a União Europeia adote de forma permanente o horário de inverno ou o de verão, deixamos à livre decisão aos estados", disse Bulc.
Por seu lado, Hofer adiantou que a abolição da mudança horária agora "poderia resultar num mosaico de horários devastador para o mercado interno".
Explicou que, uma vez que parece impraticável acordar numa zona horária única, a ideia de princípio é manter como marco as três zonas atuais: Europa ocidental (UTC), Europa Central (UTC+1) e Europa Oriental (UTC+2).
Bulc recordou que o regime atual foi introduzido para poupar energia durante a crise do petróleo na década de 1970, depois de já ter sido introduzida em alguns países durante as duas guerras mundiais.
Estudos científicos revelam que a poupança energética é mínima, cifrando-se entre os 0,1 % e os 0,2 %, sublinhou a comissária.
Outras investigações evidenciam claramente que a mudança de hora "tem um impacto negativo na saúde dos seres humanos e animais", ressalvou, por seu lado, o ministro austríaco.
O Governo português avisou a União Europeia (UE) de que pretende manter a mudança da hora, manifestando discordância com a proposta da Comissão Europeia.
A proposta da Comissão Europeia foi anunciada em agosto e os governos devem pronunciar-se até abril.
Se avançar, a proposta da Comissão Europeia terá de ser aprovada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu.
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