Aos 33 anos, Kurz, que em 2017 se tornou o mais jovem chanceler da Áustria, mantém o seu Partido Popular Austríaco (ÖVP, conservador) no topo das sondagens, com entre 33% e 34%, mais de dez pontos percentuais de vantagem sobre o Partido Social-Democrata da Áustria (SPÖ) e sobre o antigo parceiro de coligação, o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ, extrema-direita) ambos creditados com 20% a 23%.

Os Verdes, que em 2017 perderam todos os 24 deputados que tinham no parlamento, recuperam votos e surgem nas sondagens com 11% a 13%, seguidos do partido liberal NEOS, com 8%.

O país de 8,8 milhões de habitantes é administrado desde junho por um governo interino liderado pela ex-presidente do Tribunal Constitucional Brigitte Bierlein, depois do escândalo Ibizagate ter levado à demissão do líder da extrema-direita e vice-chanceler Heinz-Christian Strache, à dissolução da coligação ÖVP-FPÖ e à votação de uma moção de censura a Kurz.

O escândalo foi desencadeado pela divulgação de um vídeo, filmado clandestinamente dois anos antes numa casa em Ibiza, em que Strache e um dos seus mais próximos colaboradores aparecem a discutir com uma suposta sobrinha de um oligarca russo a concessão de contratos públicos em troca de apoio financeiro ao FPÖ.

Quatro meses depois, Kurz lidera incontestado as sondagens, restando poucas ou nenhumas dúvidas de que voltará a ser chanceler, e tem recusado clarificar com quem vai coligar-se para formar governo.

Ao longo da campanha, muito centrada na sua figura e com pouca discussão de grandes temas políticos, Kurz tem afirmado que está a contar com uma vantagem mais reduzida sobre os outros partidos e que “ser o ‘número um’ não chega”, porque “sempre que houver uma maioria contra, ela será usada”.

Uma nova coligação entre os conservadores e a extrema-direita é desejada pelo novo líder do FPÖ, Norbert Hofer, de discurso relativamente moderado e que parece manter uma boa relação com Kurz, mas essa ambição é complicada pela forte animosidade que caracteriza a relação de Sebastian Kurz com o líder parlamentar da extrema-direita e ex-ministro do Interior Herbert Kickl, que representa a linha dura do partido e é muito popular entre os militantes.

Para os analistas, é uma solução possível, mas muito instável, assim como uma coligação a três com os Verdes e o NEOS, inédita no país.

Já uma “grande coligação” com os sociais-democratas do SPÖ de Pamela Rendi-Wagner, partido que liderou muitos dos governos austríacos do pós-Guerra, várias vezes coligado com os conservadores, é menos provável, visto que Kurz deve muita da sua popularidade à perceção de que operou uma verdadeira mudança política em 2017, precisamente ao por fim a um governo de coligação ÖVP-SPÖ.

“Qualquer partido democraticamente eleito pode fazer parte de um governo”, limitou-se a dizer Kurz à televisão pública ORF. “A minha opção preferida é formar uma coligação que trabalhe pela Áustria e nos permita continuar o caminho de mudança e fazer as reformas necessárias”.

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