“O CDS está no projeto de coligação com o PSD há 24 anos e continuaremos nesse projeto. O António Oliveira foi escolhido pelo PSD. É um problema do PSD que o CDS entende que deverá ser resolvido o mais rapidamente possível. Esperamos uma solução rápida”, disse o presidente da distrital do CDS-PP do Porto, Fernando Barbosa.
O dirigente falava aos jornalistas na conferência de imprensa que esta manhã decorreu numa unidade hoteleira em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, e que foi convocada pela concelhia do PSD local para dar a conhecer a versão desta sobre a desistência do ex-selecionador nacional de futebol António Oliveira da candidatura à câmara.
Na sequência da sua intervenção, Fernando Barbosa foi questionado sobre se era verdade que o CDS-PP teria garantidas nas listas de António Oliveira os quarto e sétimo lugares, algo que o presidente da distrital confirmou, mas sem fazer mais considerações.
Esta confirmação surgiu já depois de o presidente da concelhia do PSD de Gaia, Cancela Moura, e do presidente da distrital do PSD do Porto, Alberto Machado, terem recusado a ideia de que a desistência de António Oliveira se tenha prendido com exigências dos sociais-democratas no que diz respeito a cargos ou lugares na lista de candidatura.
Alberto Machado garantiu que o que estava acordado era que o PSD teria na candidatura “um lugar em 11” e que o líder da concelhia “podia ser o número dois ou ser candidato à Assembleia Municipal, ou não ir a lado nenhum”.
“Como veem, [o CDS-PP] teria o dobro do PSD”, disse Cancela Moura aos jornalistas depois de Fernando Barbosa ter respondido à questão dos lugares na lista.
O presidente dos sociais-democratas de Vila Nova de Gaia também negou que tivesse exigido a António Oliveira o cargo de diretor de campanha.
“Numa circunstância destas, em vez de se procurar um bode expiatório – eu sei que quando de um lado estão pessoas notáveis e do outro lado está um cidadão comum que sou eu – há uma tentação muito grande de eu ficar em prejuízo, mas eu não me sinto diminuído. Desafio alguém que venha dizer que eu alguma vez quis ser alguma coisa, nomeadamente diretor de campanha”, disse.
António Oliveira encabeçava a candidatura da coligação PSD/CDS-PP/PPM a Vila Nova de Gaia.
O nome do ex-selecionador nacional foi aprovado na reunião da Comissão Política Distrital Alargada do PSD, que decorreu em 22 de março em Seroa, em Paços de Ferreira, e anunciado publicamente no dia seguinte pelo presidente do PSD, Rui Rio.
Aquando do anúncio, Rui Rio disse que António Oliveira tinha o "perfil adequado" para liderar a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.
"Tem experiência para lidar com pessoas e gerir pessoas e está ligado à área empresarial, tem o perfil adequado para pegar na Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e fazer um excelente trabalho. Não tenho dúvidas nenhumas", afirmou Rio, em conferência de imprensa, no Porto, em 23 de março, onde divulgou mais 50 nomes de candidatos às autárquicas homologados pela direção nacional.
Mas na sexta-feira, numa carta aberta à qual a Lusa teve acesso, António Oliveira referia que desistiu da corrida às eleições autárquicas por "uma questão de higiene”, recusando pôr os “interesses de uns personagens” à frente dos interesses da população.
“Hoje, com vergonha do que vi, com uma imensa dor de alma pelo que senti, tenho que dizer que: não quero, não posso e não aceito continuar a encabeçar esta candidatura. Isto não é uma desistência. Isto é uma questão de higiene. Uma recusa de pôr os interesses de uns personagens à frente dos interesses dos 300.000 gaienses e pessoas que escolheram este grande concelho para fazer a sua vida”, referia o ex-selecionador nacional na missiva.
Até agora foram oficializadas à Câmara de Vila Nova de Gaia as candidaturas da deputada à Assembleia da República Diana Ferreira (CDU), do engenheiro civil Renato Soeiro (BE) e a do gestor Alcides Couto (Chega).
A Câmara de Vila Nova de Gaia é atualmente liderada pelo PS, que conquistou, nas autárquicas de 2017, nove mandatos, sendo oposição no executivo o PSD com dois eleitos.
As eleições autárquicas têm de ser marcadas pelo Governo para o período entre 22 de setembro e 14 de outubro.
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