João Ferreira ouviu hoje residentes e apoiantes da CDU em Alvalade, numa tribunal pública sobre o aeroporto, que a coligação PCP/PEV quer retirar do centro de Lisboa.
Quando foi morar para Alvalade, há seis anos, Catarina G. deixou de dormir, devido aos aviões que até durante a noite lhe sobrevoam a cabeça.
Em Alvalade, para-se para o avião passar, desde as conversas, às aulas nas escolas, disse esta residente, afirmando que não consegue imaginar-se sem dormir mais 10 anos ou até que seja encontrada uma solução para o aeroporto, porque o “desrespeito para com os cidadãos” é completo e “nem sequer respeitam as horas de sono”.
O ruído dos aviões a sobrevoarem baixo, a poluição, a saúde das pessoas, o medo do risco de um acidente numa zona de grande densidade populacional, são, segundo o candidato comunista à junta de Alvalade, Sérgio Morais, queixas de outros moradores de Alvalade, que estão fartos e “querem que os aviões descolem" dali e "vão aterrar noutro lado”.
Esta foi uma dica para o candidato João Ferreira defender que é preciso libertar Lisboa “do fardo do aeroporto” e dos “cerca de 700 aviões” que a sobrevoam por dia, considerando que a autarquia tem “uma palavra a dizer sobre isso”.
“A Câmara Municipal de Lisboa tem um papel nesta discussão. Com a CDU, esse papel deve ser assumido e vamos propor, a seguir às eleições, que a Câmara tome uma posição clara de defesa do fim do aeroporto da Portela. Aí as forças políticas assumirão as suas posições”, salientou.
O fim do aeroporto da Portela é uma prioridade do programa da CDU, que, por isso, recusa um aeroporto complementar no Montijo, já que esta solução não só não acabaria com o aeroporto na capital, como criaria o mesmo problema para vários concelhos da margem sul.
João Ferreira acusou os defensores da solução “Portela+Montijo” de “uma enorme falta de visão estratégica e de uma enorme irresponsabilidade”, que deve “ser merecedora, no mínimo, de uma crítica séria e de um castigo eleitoral também”.
Para a CDU, a melhor localização será “naquela que foi até hoje a melhor e mais bem estudada solução de todas as que foram adiantadas”, no campo de Tiro de Alcochete, reiterou.
Nas contas do candidato, “nem não é preciso elaborar muito sobre” o financiamento adicional que é preciso para construir o aeroporto em Alcochete.
“Ele está encontrado e deve consistir, no fundamental, na solução que permitiu nas últimas décadas o investimento em todos os aeroportos deste país: que é a empresa que faz a gestão dos aeroportos pegar nos seus lucros e investir na modernização, neste caso na construção, de um novo aeroporto. É essa a sua obrigação e isso permite diminuir em muito, se for feito, aquilo que é o investimento público adicional para concretizar esta infraestrutura”, defendeu.
João Ferreira sublinhou que “a ANA teve, desde a privatização, mais de mil milhões de euros de lucros” e “uma boa parte deles pode e deve tem de ser investido na construção do novo aeroporto”.
“Nós não podemos aceitar que um Governo, e um presidente de câmara neste caso também, para fazerem um favor e pouparem recursos a uma multinacional sobrecarregam, imponham à população os impactos que se tornaram insuportáveis sobre a sua segurança ou sobre a sua saúde e sobre o ambiente”, disse.
Concorrem à presidência da Câmara de Lisboa Fernando Medina (coligação PS/Livre), Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), Beatriz Gomes Dias (BE), Bruno Horta Soares (IL), João Ferreira (PCP), Nuno Graciano (Chega), Manuela Gonzaga (PAN), Tiago Matos Gomes (Volt), João Patrocínio (Ergue-te), Bruno Fialho (PDR), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!) e Ossanda Líber (movimento Somos Todos Lisboa).
As eleições para as autarquias locais realizam-se no próximo domingo.
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