“É fundamental que o Governo acautele que qualquer encerramento pugna, por um lado, pelas questões laborais e sociais que estão aqui em causa, mas também, como já temos vindo a alertar, o PRR não pode servir apenas para estar em investir nos privados. A descarbonização tem que ser feita também pelos serviços públicos e do Estado”, disse Inês de Sousa Real.
“Há de facto que ter atenção com o discurso, sob pena de as pessoas não compreenderem não só onde é que quer chegar o senhor primeiro-ministro, mas também qual o caminho e visão de sociedade que tem para essas problemáticas”, acrescentou a líder do PAN, que reagia às declarações de António Costa sobre o encerramento da refinaria da GALP em Matosinhos.
No domingo, durante uma ação de campanha para as eleições autárquicas, em Matosinhos, António Costa, na qualidade de secretário-geral do PS, afirmou que “era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade” como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma “lição exemplar” à empresa.
Inês de Sousa Real, que falava aos jornalistas durante uma ação de campanha para as eleições autárquicas de 26 de setembro em Almada, defendeu também a necessidade de António Costa manter a “equidistância” nas declarações que faz sobre a atribuição de verbas do PRR aos municípios.
“O PRR não pode servir de bandeira eleitoral. O PRR é do país e para o país. É fundamental que, independentemente da cor política [das Câmaras Municipais], se garanta que vai ser feito um conjunto de investimentos, nomeadamente de adaptação do território, para tornarmos o país mais resiliente a embates como o que tivemos agora com a covid-19, em que tivemos que encerrar, tivemos que fechar a economia, com consequências dramáticas em muitos setores de atividade”, disse.
“Tendo em conta a necessária retoma que agora o país vai ter de atravessar, é preciso garantir que o PRR não condiciona o voto das pessoas, porque isso, de facto, até seria um atentado à democracia, estar a usar o PRR como arma de arremesso (…) ou bandeira eleitoral”, acrescentou.
Depois de percorrer o cais do Ginjal e de visitar uma colónia de dezenas de gatos, sempre acompanhada pelo cabeça de lista do PAN a Almada, Vítor Pinto, Inês Sousa Real alertou também para o risco de derrocada no cais do Ginjal e para os problemas dos animais abandonados e da falta de apoios para os cuidadores.
“A proposta do PAN, que ficou inscrita no Orçamento de Estado de 2021 e que ainda não ganhou forma – que já assinalamos ao Governo que tem que ser executada -, é para que exista de facto um serviço público médico veterinário, para que, quer as pessoas em situação de carência socioeconómica que tenham animais de companhia possam prestar cuidados aos mesmos, quer para que os cuidadores informais, como a Dona Margarida (cuidadora da colónia de gatos no Ginjal), não tenham que gastar a sua parca reforma a cuidar destes animais”, disse.
Inês Sousa Real afirmou-se ainda confiante de que o PAN, que tem atualmente um eleito na Assembleia Municipal de Almada, será capaz de reforçar a sua votação no concelho nas próximas eleições autárquicas de 26 de setembro.
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