"Pedimos que no dia 26, em todo o país, nos deem mais responsabilidade [...]. Aqui em Lisboa esperamos aumentar a nossa representação na Assembleia Municipal e nas assembleias de freguesia. Sabemos que o xadrez partidário é hoje mais plural, torna mais difícil garantirmos um lugar na vereação, mas iremos trabalhar até ao último dia da campanha para eleger a Manuela Gonzaga", disse a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, no fim de uma iniciativa de campanha com a candidata do PAN à câmara da capital.

Inês de Sousa Real considerou que "o PAN tem sempre demonstrado", nas autarquias e na Assembleia da República, "que é um partido disponível para fazer pontes, para fazer avançar as suas causas", mas "só depois do resultado eleitoral" poderá ponderar acordos de governação em Lisboa, caso consiga entrar no executivo camarário, garantindo apenas que o Pessoas-Animais-Natureza "está sempre disponível" para "trabalhar em prol dos lisboetas", seja qual for o presidente eleito no próximo domingo.

A porta-voz do PAN criticou o executivo da câmara liderado pelo PS, referindo que "continua a existir uma Lisboa dentro de Lisboa que tem sido muito esquecida", na qual há "ainda muita pobreza" e onde não há acesso a habitação, e que "não faz qualquer sentido" que "a capital" do país "não tenha tido a capacidade" de retirar os sem-abrigo das ruas quando estão em causa programas "de um valor absolutamente residual" para o orçamento municipal.

Criticando também a falta de ambição na questão ambiental e na causa animal, Inês de Sousa Real defendeu o fim das touradas, o "grande ponto negro em matéria de proteção animal" na cidade, onde o partido tem representação na assembleia municipal há oito anos.

Inês de Sousa Real e Manuela Gonzaga começaram hoje o dia de campanha juntas, com um encontro com refugiados, e vão terminar a jornada juntas, à porta do Campo Pequeno, numa iniciativa que vai juntar associações e ativistas pelo fim das touradas e personalidades ligadas à cultura sob o mote "fim da tortura e mais cultura".

"A atividade tauromáquica defende-se invocando a cultura, dizendo que a atividade tauromáquica é uma forma de cultura. E nós dizemos que cultura não é tortura, cultura não pode ser tortura", disse Manuela Gonzaga, que propõe no seu programa para Lisboa a conversão do Campo Pequeno "num recinto" para "atividades de lazer e culturais que não compreendam a utilização de animais".

A candidata do PAN disse que a tourada nasceu em contexto de guerra medieval, para treinar cavaleiros, e "entronca" noutras atividades e espetáculos "bárbaros" e "sanguinolentos" abolidos há séculos, como o circo humano ou os pelourinhos, onde a população ia observar a tortura de condenados.

"Consideramos que a tourada entronca neste mesmo tipo de edificação, mostrar que um cavaleiro é muito habilidoso, o cavalo sai de lá com a barriga destroçada, o touro sai de lá para o matadouro, muito ferido. Não conseguimos compreender como é que se aplaude um espetáculo de uma crueldade tamanha. Temos de expurgar essa forma de fruir com a dor dos outros", afirmou.

Manuela Gonzaga garantiu que há nesta reta final da campanha "uma grande concentração de forças e de energia" da sua candidatura e do PAN "para uma perspetiva que é de futuro" e que passa por um “futuro resiliente" às alterações climáticos e "inclusivo" socialmente para Lisboa.

Além de Manuela Gonzaga, concorrem à Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS/Livre), Carlos Moedas (PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU – PCP/PEV), Beatriz Gomes Dias (BE), Bruno Horta Soares (IL), Tiago Matos Gomes (Volt Portugal), Nuno Graciano (Chega), João Patrocínio (Ergue-te), Bruno Fialho (PDR), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!) e Ossanda Liber (movimento Somos Todos Lisboa).