"Com base na duração das buscas [...] e na temperatura da água neste momento, não acreditamos que iremos encontrar essas pessoas com vida", declarou o vice-almirante da Guarda-Costeira Shannon Gilreath, na conferência de imprensa sobre os trabalhos na ponte Francis Scott Key.

Entre os desaparecidos, que trabalhavam na manutenção do asfalto, estão dois trabalhadores guatemaltecos, de 26 e 35 anos, informou fonte oficial do país centro-americano em comunicado.

Imagens capturadas por câmeras de vigilância mostram o porta-contentores a chocando contra um pilar da ponte, fazendo com que grande parte da estrutura de aço, construída em 1977, caísse no rio Patapsco.

O barco emitiu uma chamada de emergência que permitiu interromper o trânsito na ponte e salvar vidas, declarou mais cedo o governador do estado de Maryland, Wes Moore. "Essas pessoas são heróis", acrescentou. Moore declarou o estado de emergência devido ao acidente.

O operário José Campos falou dos seus colegas desaparecidos, trabalhadores como ele da empresa Brawner Builders Inc. "Muito triste, espero que estejam vivos ainda. Não sei como explicar porque sinto um aperto no coração com o que está a acontecer", declarou em espanhol a um fotógrafo da AFP.

"É uma tragédia terrível e imprevista", disse, por sua vez, Jeffrey Pritzker, da Brawner Builders. "Nenhum de nós podia imaginar que isto pudesse ocorrer. Estamos todos comovidos e angustiados".

O presidente Joe Biden classificou o ocorrido de "terrível acidente" e prometeu reconstruir a infraestrutura o quanto antes, mas isto "levará algum tempo". "Estou a dar instruções à minha equipa para que mova montanhas para reabrir o porto e reconstruir a ponte o mais rápido possível", disse Biden num breve discurso na Casa Branca.

Uma pessoa foi levada ao hospital em "estado muito grave", disse o chefe dos bombeiros de Baltimore, James Wallace, e outra saiu ilesa.

Os serviços de emergência que vasculharam o local encontraram indícios da presença de vários veículos submersos na água, informou Wallace, sem especificar o número.

De qualquer forma, "não há absolutamente nenhum indício de que tenha sido terrorismo, que isto tenha sido feito de propósito", disse o comissário da Polícia de Baltimore, Richard Worley.

O tráfego marítimo foi suspenso "até novo aviso", mas "o porto segue aberto para a passagem de camiões", disse aos jornalistas o secretário de Transporte de Maryland, Paul Wiedefeld.

"Fomos acordados pelo que parecia ser um terremoto e um longo e vibrante som de trovão", declarou um homem à imprensa local.

A ponte, de quatro faixas e 2,6 quilómetros de comprimento, atravessava o rio Patapsco, ao sudoeste de Baltimore, uma cidade industrial e portuária na costa atlântica dos Estados Unidos.

Por ela circulavam mais de 11 milhões de veículos por ano, cerca de 31 mil por dia.  Levava o nome de Francis Scott Key, autor da letra do hino americano.

O porto de Baltimore é o principal da costa leste dos Estados Unidos e o nono mais importante do país, tanto pela carga estrangeira que maneja quanto pelo valor da mesma. O terminal oferece emprego direto a mais de 15.000 pessoas.

O site de tráfego marítimo MarineTraffic diz que um navio porta-contentores com bandeira da Singapura chamado "Dali" parou sob a ponte. Os registos mostram que o navio se dirigia de Baltimore para Colombo, no Sri Lanka.

A gigante dinamarquesa Maersk confirmou ter fretado o navio, operado pela companhia de navegação Synergy Group. "Estamos horrorizados com o ocorrido", escreveu a Maersk em comunicado.

"Todos os membros da tripulação, incluindo os dois pilotos, foram localizados e não há relatos de quaisquer feridos", afirmou o Synergy Marine Group em comunicado.

A investigação deverá determinar como a colisão de apenas um barco pôde destruir vários arcos da ponte metálica.

Apesar de o porta-contentores de 300 metros de comprimento possuir uma poderosa força de inércia, "a magnitude dos danos na superestrutura da ponte parece desproporcional em relação à causa", comentou o professor Toby Mottram, especialista da Universidade de Warwick, no Reino Unido.

Num acidente como este, serão as seguradoras que vão reembolsar os danos, afirmou à AFP o especialista Mathieu Berrurier: seguro de danos sofridos pelo navio e seguro de responsabilidade civil por danos causados a terceiros.