O sequestro na sinagoga da congregação Beth Israel situada na pequena localidade de Colleyville, a 40 quilómetros de Dallas, durou dez horas até que uma equipa de intervenção do FBI entrou no edifício, libertando os reféns. Ouvidos disparos e uma explosão, o sequestrador morreu na operação, desconhecendo-se se morto pela polícia federal ou se por suicídio.
As autoridades americanas lançaram uma investigação de “âmbito internacional” sobre o suspeito, que hoje identificaram como sendo o britânico Malik Faisal Akram, mas ainda não são totalmente claros os motivos do sequestro.
“Nesta altura, não há indicação do envolvimento de mais ninguém”, disse a polícia federal americana, em comunicado, acrescentando que as investigações continuam.
A Scotland Yard confirmou que oficiais da polícia antiterrorista britânica estiveram “em contacto com autoridades americanas e colegas do FBI”.
Em Filadélfia, o Presidente dos Estados Unidos classificou hoje o sucedido como um “ato de terrorismo” e confirmou os relatos de que o sequestrador pediu a libertação de Aafia Siddiqui, neurocientista paquistanesa condenada por um tribunal americano a 86 anos de prisão, e que está detida no hospital-prisão de Fort Worth, perto de Dallas.
O agente especial responsável pela operação de resgate, Matt DeSarno, já tinha dito antes que, com base nas longas e tensas negociações com a polícia, não pareceu que o sequestrador tivesse como alvo a comunidade judaica.
Como o serviço religioso de sábado estava a ser transmitido em direto através do Facebook, o sequestrador pôde ser ouvido por várias pessoas.
“Há algo de errado com a América”, disse o homem, de acordo com a agência AFP, que seguiu a transmissão até esta ser interrompida pelo Facebook.
“Eu vou morrer”, disse também, pedindo repetidamente a um interlocutor não identificado para falar ao telefone com a sua “irmã”, referindo-se a Aafia Siddiqui, condenada em 2010 por alegadamente tentar matar militares norte-americanos e agentes do FBI, enquanto se encontrava sob custódia no Afeganistão.
Aafia Siddiqui, de 49 anos, foi a primeira mulher suspeita pelos Estados Unidos de ter ligações com a rede islâmica responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, o que lhe valeu a alcunha de “Lady Al-Qaeda”.
Aafia Siddiqui foi para os Estados Unidos aos 18 anos, para morar com o irmão e estudar na prestigiada universidade MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), em Boston, obtendo depois um doutoramento em neurociência pela Brandeis University.
A sua libertação tem sido exigida por muitos, desde logo pelo Paquistão.
Siddiqui “absolutamente não está envolvida” na tomada de reféns, assegurou à CNN o seu advogado, em comunicado.
Também John Floyd, presidente do maior conselho islâmico dos Estados Unidos, garantiu que o irmão de Aafia, Muhammad Siddiqui, não está envolvido no sequestro.
“Este agressor não tem nada a ver com Aafia, a sua família ou a campanha global para obter justiça para ela. Queremos que o agressor saiba que as suas ações são perversas e prejudicam diretamente os que, como nós, buscam justiça para Aafia”, disse à agência Associated Press.
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